tenho estado estas semanas a pensar na arrogância de tantas vezes não aceitar pontos de vista colocados no mainstream quando se fala de edição. hesitei escrever sobre isso antes de ter a certeza que não é arrogância.
o meio editorial mainstream não o é por acaso. há neste terrível mundo do "mercado" (termo que precisa de aspas) regras imbatíveis - quem se ouve falar mais, por um maior número de pessoas, torna-se tendencialmente alguém digno de respeito ou crítica, de um pensamento elaborado, torna-se foco da nossa atenção e do nosso juízo. expressões sem sentido como "não há má publicidade" fazem sentido neste contexto, porque se sabe que é no ouvir falar que estão as vendas e que o boca a boca é a melhor forma de vender livros.
é nisto que reside a beleza de não estarmos no mainstream - ainda que este não invalide autores de génio, valida-os normalmente quando eles chegam a clássicos. mas vá, podemos afirmar que ser mainstream não é ser mau. mas a única forma de um mau livro vender milhares de exemplares é ser mainstream.
retomando, a beleza de não estarmos no mainstream é percebemos que para aquele livro ser lido tem de percorrer caminhos de pensamento. pensamento porque não nos chega por um caminho diferente da leitura. pode ser um livro bom ou mau mas se a comunicação não for massificada fora das qualidades intrínsecas do livro então não estamos perante um livro mainstream.
ouvi recentemente uma pessoa da área da edição dizer que um livro tem de ser muito bom para ser publicado por uma grande editora. esta observação fez-me perceber que há realmente um pensamento pequeno dentro da caixa em muitas pessoas que são as pessoas da porta ao lado. essa caixa é poderosa no que respeita quantidades, a arrogância que recusa o mainstream tem um outro poder, mais literário, mais ponderado. mais trabalhado, de alguma forma.
o que na verdade interessa é que é importante conhecer os caminhos que existem. as opções, os universos. talvez não interesse em absoluto e apenas a nós mas interessa se queremos ensinar ou passar informação a outras pessoas. podemos defender as nossas capelas, se as tivermos, passando ao outro a ideia real do que existe na edição e na literatura. talvez esta ideia seja inocente ou romantizada mas é importante acreditar que, se a nossa função é dar a ler, não devemos viver em caixas, isolados. podemos ser arrogantes, mas a partir do momento em que queremos ensinar e esclarecer temos de ser honestos. é na capacidade de sermos honestos intelectualmente que se legitima a arrogância e ela se transforma em opinião e posicionamento.
Não faças Terrorismo Poético para outros artistas, fá-lo para pessoas que não perceberão que o que acabaste de fazer é arte. Hakim Bey
quarta-feira, 29 de junho de 2016
terça-feira, 28 de junho de 2016
Festival Silêncio
Na próxima semana os Poetas do Povo marcam presença no FESTIVAL
SILÊNCIO com um conjunto de seis sessões com curadoria minha. Está aqui
um elenco de luxo, conto com vocês! Todas as sessões são no bar Vicking e
duram um pouco menos de uma hora. Passem por lá enquanto circulam pelas
imensas surpresas que este festival traz à cidade.
Ao meu elenco de luxo, obrigada
POETAS DO POVO (sessões 161 a 166) / O MUNDO NÃO SE FEZ PARA PENSARMOS NELE. Festival Silêncio, 1,2 e 3 de Julho
http://festivalsilencio.com/
Houve sempre poesia. Dentro de todos os séculos e todas as idades. E a poesia foi sempre escrita na razão de cada poeta mas junto de outros poetas. Em diferentes tempos e diferentes idades houve diferentes poesias, por razões que tanto eram pessoais como universais. Assim se foi fazendo, por aqui, a nossa história.
Porque o mundo não se fez para pensarmos nele mas sim para o escrevermos e lermos vamos agora percorrer quatro séculos de poesia e perceber que poesia havia para ser dita e lida e cantada, por tantos poetas, em tantas poesias, em tão bela e única história poética. Curadoria de Rosa Azevedo.
____________________________________________________
POESIA E CLASSICISMO
1 de Julho 19h
Foi no tempo em que a poesia era salva em mar alto, poesia dos heróis, dos modernos, poesia que imagina a ponte entre o antes e um império inteiro por haver. É a poesia como a única linguagem possível.
António Poppe
Gustavo Rubim
Luís Serpa
Mùsico - João Paulo Gaspar (viola d'arco)
_____________________________________________________
POESIA E ROMANTISMO
1 de Julho 21h
Houve o tempo em que a poesia teve de entender e cantar o amor. Instrumentalizou-se a palavra em prol do poeta, descobriu-se que a palavra não existia longe do eu. Foi o tempo das questões e não das respostas. Verbalizou-se a dúvida, poetizou-se o que era até então indizível.
Raquel Marinho
Cláudio Henriques
André Gago
Mùsico - João Paulo Gaspar (viola d'arco)
_____________________________________________________
POESIA E REALISMO
2 de Julho 16h
Com o fim do séc. XIX o escritor percebeu que a escrita é uma arma com poderosas consequências. Percebeu a responsabilidade da palavra escrita, entendeu a sociedade como mutante e complexa. Foi o tempo em que a poesia teve consciência de si, da sua força no mundo enquanto pertença.
Maria Coutinho
Sara Felício
Nuno Miguel Guedes
Músico: Filipe Valentim (piano)
_____________________________________________________
POESIA E MODERNISMO
2 de Julho 18h
Poesia autónoma, artística, cubista, futurista, libertadora, maquinal, moderna, fragmentária, metálica, violenta, simbolista, sonora, vibrante, suicida, irreverente, indiferente, fracturante, alucinante, modernista.
Ana Brandão
Ana Rocha
Patrícia Portela
Músico: Filipe Valentim (piano)
_____________________________________________________
POESIA E SURREALISMO
3 de Julho 16h
Como nos disse António Maria Lisboa «A actividade surrealista não é uma simples purga seguida de um dia de descanso a caldos de galinha, mas revolta permanente contra a estabilidade e cristalização das coisas.». Ao que poderia ter respondido Cesariny “Eu acho que se se é surrealista, não é porque se pinta uma ave, ou um porco de pernas para o ar. É-se surrealista porque se é surrealista!”
Joana Bertholo
Margarida Ferra
Claudia Sampaio
Músico: Luís Bastos (guitarra acústica e clarinete)
_____________________________________________________
NOVÍSSIMA POESIA
3 de Julho 18h
Veio o tempo dos poetas. Sem escola, com a originalidade possível, na procura da palavra exacta na frase fragmentada. Uma poesia que chegou a todos, a lugares improváveis da cidade. E quando os poemas cobrem a cidade, os Poetas do Povo procuram neles a palavra exacta para a reproduzirem no último dia do Festival Silêncio, oferecendo a palavra aos seus ouvintes e dando aos leitores o espaço absoluto da poesia.
Marta Navarro
Inês Lago
Raquel Nobre Guerra
Músico: Luís Bastos (guitarra acústica e clarinete)
Ao meu elenco de luxo, obrigada
POETAS DO POVO (sessões 161 a 166) / O MUNDO NÃO SE FEZ PARA PENSARMOS NELE. Festival Silêncio, 1,2 e 3 de Julho
http://festivalsilencio.com/
Houve sempre poesia. Dentro de todos os séculos e todas as idades. E a poesia foi sempre escrita na razão de cada poeta mas junto de outros poetas. Em diferentes tempos e diferentes idades houve diferentes poesias, por razões que tanto eram pessoais como universais. Assim se foi fazendo, por aqui, a nossa história.
Porque o mundo não se fez para pensarmos nele mas sim para o escrevermos e lermos vamos agora percorrer quatro séculos de poesia e perceber que poesia havia para ser dita e lida e cantada, por tantos poetas, em tantas poesias, em tão bela e única história poética. Curadoria de Rosa Azevedo.
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POESIA E CLASSICISMO
1 de Julho 19h
Foi no tempo em que a poesia era salva em mar alto, poesia dos heróis, dos modernos, poesia que imagina a ponte entre o antes e um império inteiro por haver. É a poesia como a única linguagem possível.
António Poppe
Gustavo Rubim
Luís Serpa
Mùsico - João Paulo Gaspar (viola d'arco)
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POESIA E ROMANTISMO
1 de Julho 21h
Houve o tempo em que a poesia teve de entender e cantar o amor. Instrumentalizou-se a palavra em prol do poeta, descobriu-se que a palavra não existia longe do eu. Foi o tempo das questões e não das respostas. Verbalizou-se a dúvida, poetizou-se o que era até então indizível.
Raquel Marinho
Cláudio Henriques
André Gago
Mùsico - João Paulo Gaspar (viola d'arco)
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POESIA E REALISMO
2 de Julho 16h
Com o fim do séc. XIX o escritor percebeu que a escrita é uma arma com poderosas consequências. Percebeu a responsabilidade da palavra escrita, entendeu a sociedade como mutante e complexa. Foi o tempo em que a poesia teve consciência de si, da sua força no mundo enquanto pertença.
Maria Coutinho
Sara Felício
Nuno Miguel Guedes
Músico: Filipe Valentim (piano)
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POESIA E MODERNISMO
2 de Julho 18h
Poesia autónoma, artística, cubista, futurista, libertadora, maquinal, moderna, fragmentária, metálica, violenta, simbolista, sonora, vibrante, suicida, irreverente, indiferente, fracturante, alucinante, modernista.
Ana Brandão
Ana Rocha
Patrícia Portela
Músico: Filipe Valentim (piano)
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POESIA E SURREALISMO
3 de Julho 16h
Como nos disse António Maria Lisboa «A actividade surrealista não é uma simples purga seguida de um dia de descanso a caldos de galinha, mas revolta permanente contra a estabilidade e cristalização das coisas.». Ao que poderia ter respondido Cesariny “Eu acho que se se é surrealista, não é porque se pinta uma ave, ou um porco de pernas para o ar. É-se surrealista porque se é surrealista!”
Joana Bertholo
Margarida Ferra
Claudia Sampaio
Músico: Luís Bastos (guitarra acústica e clarinete)
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NOVÍSSIMA POESIA
3 de Julho 18h
Veio o tempo dos poetas. Sem escola, com a originalidade possível, na procura da palavra exacta na frase fragmentada. Uma poesia que chegou a todos, a lugares improváveis da cidade. E quando os poemas cobrem a cidade, os Poetas do Povo procuram neles a palavra exacta para a reproduzirem no último dia do Festival Silêncio, oferecendo a palavra aos seus ouvintes e dando aos leitores o espaço absoluto da poesia.
Marta Navarro
Inês Lago
Raquel Nobre Guerra
Músico: Luís Bastos (guitarra acústica e clarinete)
domingo, 26 de junho de 2016
Prefácio de Poetas sem qualidades
Em 2002 Manuel de Freitas lança a antologia Poetas sem qualidades onde demonstra que, com o virar do século, a poesia tinha mudado. O que isso significa podem ler neste prefácio ainda hoje urgente e necessário.
clicar nas imagens para aumentar
terça-feira, 7 de junho de 2016
das redes
hoje juntei-me com umas amigas que fizeram comigo um dos meus cursos há uns meses para falarmos da Maria Judite de Carvalho. juntamo-nos todos os meses para falar de um livro. decidimos que o próximo seria o Dinossauro Excelentíssimo do José Cardoso Pires. lembrei-me que há uns anos um aluno de um curso me tinha dito que era um livro incrível que eu devia ler. na mesa ao lado um senhor pede desculpa de interromper e diz que há uns anos digitalizou o livro e que nos pode passar. estranhamos a simpatia mas aceitamos. quando lhe dou o meu e-mail para me mandar o livro ele diz que foi por causa do curso que o digitalizou mas que tinha perdido o meu contacto, e que foi ele que fez o curso e que me falou do livro.
para além da coincidência houve outra coisa que me comoveu e que não consegui descrever. talvez a sensação de que há redes a ser construídas que nunca terei ideia verdadeira da dimensão que têm.
segunda-feira, 18 de abril de 2016
REVERSO | 02
Entre a Rua da Esperança e a Calçada Marquês de Abrantes, a Cossoul abrirá este ano as suas portas a mais uma edição do REVERSO – ENCONTRO DE AUTORES, ARTISTAS E EDITORES INDEPENDENTES.
Nos dias 12, 13 e 14 de Maio de 2016, o n.º 61 da Avenida D. Carlos I, em Santos, volta a receber editores e criadores das diversas áreas artísticas – da poesia e da literatura ao teatro, da música às artes plásticas, passando pela arquitectura e pelo cinema.
Mais abrangente, mas idêntica no seu propósito, a 2.ª edição do Reverso pretende promover o encontro e a partilha de projectos e ideias independentes, contando com um conjunto variado de iniciativas: apresentações de projectos, mesas redondas, debates, lançamentos de livros, concertos, leituras, performances, exposições e projecções de curtas-metragens e documentários.Por gosto, e por um pouco mais de cultura.
quinta-feira, 31 de março de 2016
o segundo primeiro dia da livraria Snob
quando hoje tendemos a lamentar o fecho deste espaço físico, percebemos com um pensamento mais profundo que o que tornava aquele espaço o que ele era, era na verdade essa comunidade. não eram as paredes, as estantes, no limite quase nem eram os livros, pelo menos não necessariamente aqueles livros. era, isso sim, a ideia do leitor. o leitor que ali encontrava o único espaço fora da solidão que a leitura merece. junto a esse leitor e a essa comunidade estavam os livreiros, e aqui quero falar do Duarte, o livreiro que neste últimos meses teve de perceber o que era a Snob. e chegou às conclusões que aqui vos descrevo. que a Snob era maior, era outro espaço que não só aquele.
o Duarte gosta de livros, gosta de vender livros. gosta de procurar, de ler, de falar com as pessoas, de encontrar leitores insuspeitos, encontrar quem ainda não saiba bem que é um leitor. gosta de estar ao pé das pessoas. gosta de ter o carro um caos, livros, caixas, pó e envelopes, sempre a caminho de outros sítios. gosta de viajar. e foi assim que o Duarte entendeu que o sítio da Snob era outro, e que o seu sítio nunca poderia ser um só, enraizado.
e aqui nada se perdeu, tanto pelo contrário. podemos e devemos entender que o que a Snob fez foi tornar-se maior e, queremos acreditar, melhor. passando a estar em feiras, em cafés com leitores, em vários espaços em Guimarães com selecções de livros, on-line, no site e no facebook. e desde que o Duarte e a Snob tomaram essa decisão, há poucas semanas, a livraria começou a vender mais e melhor.
creio que todos ganhamos por ter o Duarte e a Snob mais perto. mais disponível para cada um dos leitores. a Snob terá, ainda mais agora, uma cara, uma ideia de si mais real. a Snob vai poder pesquisar mais, dedicar-se a cada um dos leitores, ler muito mais. e a livraria vai continuar em Guimarães, com o vinho, os lançamentos, as leituras, a ternura e dedicação do Duarte, mas vai também estar em Lisboa, no Porto, em Braga, em Paredes de Coura, em Coimbra e em muitos outros sítios.
por isso é preciso continuarmos a ter na Snob a nossa livraria, a encomendar livros novos e raridades, a organizar eventos, a contar com o Duarte para feiras itinerantes. porque este é o primeiro dia da Snob, um outro primeiro dia. que traz numa memória próxima e real todos e cada um dos incríveis dias passados na Rua D. João I. chegou apenas a hora de continuar essas memórias, em novos sítios. com todas as mesmas pessoas e tantas outras que começam a chegar.
para encomendas, conversas e questões
Site: www.snob.pt
mail: livrariasnob@gmail.com
facebook: www.facebook.com/livraria.snob/
sexta-feira, 18 de março de 2016
da não leitura da crítica à entrada do fim-de-semana
continuamos a viver a ditadura do bem comportado. os livros são produzidos em massa e procuramos sempre perceber as falhas, os sítios onde o livro não cumpriu. é neste ponto que a crítica literária falha, a procura do erro. o terrível encontro entre a perfeição e a harmonia como um dos sítios da boa literatura.
há excepções, não só no livro como no leitor. o que sabe encontrar o sítio do desconforto e perceber o sítio em carne exposta da literatura. e não há leitores e críticos imaculados, vai existindo é quem consiga perceber que a escrita sem erros e sem falhas estruturais é uma literatura que engana.
há umas semanas o Gonçalo M Tavares dizia-me na conversa que tivemos em Setúbal que o erro na nossa forma de ler vem da escola que nos apresenta desafios por fases, só avançando para a fase seguinte se tivermos percebido a anterior. culturalmente habituamo-nos a isso: a perceber, a ver na dúvida um inimigo. literariamente habituamo-nos a ficar "viciados" nos livros, a "amar" os livros. a amar os livros que nos "agarram", que não conseguimos largar. a ditadura do conforto, do descanso.
não podemos perder o sítio incrível que é aquele que nos desconforta. esse conceito de desconforto e incompreensão desapareceu dos jornais. mas ainda não desapareceu das conversas nem do silêncio. porque é no silêncio que esse sítio se desenvolve, porque os processos de entendimento são sempre processos íntimos, como deveria ser a leitura.
há excepções, não só no livro como no leitor. o que sabe encontrar o sítio do desconforto e perceber o sítio em carne exposta da literatura. e não há leitores e críticos imaculados, vai existindo é quem consiga perceber que a escrita sem erros e sem falhas estruturais é uma literatura que engana.
há umas semanas o Gonçalo M Tavares dizia-me na conversa que tivemos em Setúbal que o erro na nossa forma de ler vem da escola que nos apresenta desafios por fases, só avançando para a fase seguinte se tivermos percebido a anterior. culturalmente habituamo-nos a isso: a perceber, a ver na dúvida um inimigo. literariamente habituamo-nos a ficar "viciados" nos livros, a "amar" os livros. a amar os livros que nos "agarram", que não conseguimos largar. a ditadura do conforto, do descanso.
não podemos perder o sítio incrível que é aquele que nos desconforta. esse conceito de desconforto e incompreensão desapareceu dos jornais. mas ainda não desapareceu das conversas nem do silêncio. porque é no silêncio que esse sítio se desenvolve, porque os processos de entendimento são sempre processos íntimos, como deveria ser a leitura.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016
a avó e o Steinbeck

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016
Curso de Surrealismo Português
4 sessões à segunda-feira, entre as 19h e as 20h.
15, 22 e 29 de Fevereiro + 7 de Março
Preço: 50€
Inscrições até 8 de Fevereiro: 45€
geral@leituria.com ou rosa.b.azev@gmail.com
«A actividade surrealista não é uma simples purga seguida de um dia de descanso a caldos de galinha, mas revolta permanente contra a estabilidade e cristalização das coisas.»
António Maria Lisboa
Vamos ter Cesariny, Pacheco, O'Neill, Mário Henrique Leiria, António Maria Lisboa e outros. Vamos ter surrealismos e dadaísmos e outros ismos inventados por nós. Vamos conviver surrealisticamente. Vamos pensar surrealisticamente. Vamos surrealisticar. Podem vir a horas ou chegar atrasados. Podem vir ao contrário. Podem não vir
Rosa Azevedo é formada em Literatura Portuguesa e Francesa com curso minor em Literaturas do Mundo e tem mestrado em Edição de Texto. Tem realizado desde 2007 diversos cursos de literatura portuguesa e hispano-americana, para além de outros trabalhos de produção ligados à literatura, nomeadamente na área do surrealismo e da edição independente. Fundou e foi presidente da Associação Cultural Respigarte e do grupo teatral A Mancha. É produtora do Reverso – encontro de autores, artistas e editores independentes, do Colectivo Prisma e do Muito Cá de Casa da Casa da Cultura de Setúbal, para as questões da literatura, onde é também moderadora. Colabora com a direcção da Cossoul em questões de produção, programação e associativismo. Mantém o blog estórias com livros.
Foi livreira e hoje é produtora, formadora, revisora e dinamizadora / divulgadora da área dos livros.
Evento facebook.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
Gonçalo M Tavares em Setúbal
é já esta 6ª que terei o imenso privilégio de conversar com o Gonçalo sobre a sua obra. na Casa da Cultura em Setúbal, 22h.
terça-feira, 17 de novembro de 2015
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
curso de Literatura Portuguesa do séc XX on-line
o meu curso de Literatura Portuguesa do séc XX, na versão das oito sessões, já se encontra on-line na EC.ON. Os cursos online da EC.ON são individuais e baseados em acompanhamento
personalizado. Estes cursos não possuem datas de realização: estão
permanentemente disponíveis e os interessados podem iniciar a sua
formação assim que o entendam. Habitualmente, iniciam-se no momento em
que a propina é paga.
Toda a informação aqui.
Toda a informação aqui.
quarta-feira, 4 de novembro de 2015
"El miedo manda" por Eduardo Galeano
Habitamos
un mundo gobernado por el miedo, el miedo manda, el poder come miedo,
¿qué sería del poder sin el miedo? Sin el miedo que el propio
poder genera para perpetuarse.
El miedo al silencio que aturde las calles.
El miedo amenaza.
Si usted ama tendrá sida.
Si fuma tendrá cáncer.
Si respira tendrá contaminación.
Si bebe tendrá accidentes.
Si come tendrá colesterol.
Si habla tendrá desempleo.
Si camina tendrá violencia.
Si piensa tendrá angustia.
Si duda tendrá locura.
Si siente tendrá soledad.
Apareció el demonio en forma de mujer. Una mujer que rugía arrastrándose por los suelos. Y el Papa Juan Pablo II, libro un combate cuerpo a cuerpo contra el maligno, conjurando al intruso con exorcismos que provenían de otro papa que había logrado arrancar de Galileo Galilei la diabólica idea de que el mundo giraba alrededor del sol.
Cada pelo que pierdo, cada uno de mis últimos cabellos es un compañero que cae y que antes de caer a tenido nombre o por lo menos número.
El
hambre desayuna miedo.
El
miedo global
Los
que trabajan tienen miedo de perder el trabajo.
Y
los que no trabajan tienen miedo de no encontrar nunca trabajo.
Quien
no tiene miedo al hambre, tiene miedo a la comida.
Los
automovilistas tienen miedo a caminar y los peatones tienen miedo de
ser atropellados.
La
democracia tiene miedo de recordar y el lenguaje tiene miedo de
decir.
Los
civiles tienen miedo a los militares. Los militares tienen miedo a la
falta de armas.
Las
armas tienen miedo a la falta de guerra.
Es
el tiempo del miedo.
Miedo
de la mujer a la violencia del hombre y miedo del hombre a la mujer
sin miedo.
Miedo
a los ladrones y miedo a la policía.
Miedo
a la puerta sin cerradura.
Al
tiempo sin relojes.
Al
niño sin televisión.
Miedo
a la noche sin pastillas para dormir y a la mañana sin pastillas
para despertar.
Miedo
a la soledad y miedo a la multitud.
Miedo
a lo que fue.
Miedo
a lo que será.
Miedo
de morir.
Miedo
de vivir.
Indicios
No
se sabe si ocurrió hace un rato o hace siglos o nunca.
A
la hora de ir a trabajar un leñador descubrió que le faltaba el
hacha.
Observó
a su vecino. El vecino tenía todo el aspecto de un ladrón de
hachas. Estaba claro: la mirada, los gestos, la manera de hablar.
Unos
días después el leñador encontró el hacha que había perdido. Y
cuando volvió a observar a su vecino, comprobó que no se parecía
para nada a un ladrón de hachas, ni en la mirada ni en los gestos ni
en la manera de hablar.
El
Diablo es extranjero
El
culpómetro indica que el inmigrante viene a robarnos el empleo. Y el
peligrosímetro lo señala con luz roja. Si el intruso, el venido de
afuera, es joven y pobre y no es blanco, está condenado a primera
vista por indigencia o inclinación al caos o portación de piel.
Pero si no es joven ni pobre, ni oscuro, de todos modos merece la
malvenida porque ha venido a trabajar el doble a cambio de la mitad.
El
pánico a la pérdida del empleo es uno de los miedos más poderosos
en estos tiempos del mundo gobernado por el miedo.
Y
la verdad es que el inmigrante está siempre situado a primera mano,
ahí no más, a la vista, a la hora de encontrar culpables del
desempleo, de la inseguridad y de otras muchas temibles desgracias.
Antes
Europa derramaba sobre el mundo, sobre el mundo entero: soldados,
presos, campesinos muertos de hambre... que eran protagonistas de las
aventuras coloniales y han pasado a la historia como mensajeros de
Dios. Era la civilización lanzada al rescate de la barbarie.
Ahora
el viaje ocurre al revés. Eso quiere ser la invasión de los
invadidos. Los que llegan o intentan llegar desde el sur al norte son
protagonistas de las desventuras coloniales que pasan a la historia
como mensajeros del Diablo. Es la barbarie lanzada al asalto de la
civilización.
El
arte de mandar
Un
emperador de China, no se sabe su nombre ni su dinastía ni su
tiempo, llamó una noche a su consejero principal y le confió la
angustia que le impedía dormir. Le dijo: “Nadie me teme”. Como
nadie le temía nadie lo respetaba. Y como nadie lo respetaba nadie
le obedecía. El consejero principal meditó un ratito y opinó:
“Falta castigo”. Y el emperador sorprendido dijo que castigo no
faltaba, porque él mandaba a la horca a todo el que no se inclinara
a su paso. Y el consejero principal le advirtió: “Pero esos, esos
son los culpables. Si solo se castiga a los culpables, solo los
culpables sienten miedo”. El emperador chino pensó y pensó... y
llegó a la conclusión de que el consejero principal tenía razón.
Y le mandó cortar la cabeza. La ejecución ocurrió en una gran
plaza pública, la plaza celestial, la plaza principal del imperio. Y
el consejero fue el primero de una larga lista.
Fábricas
Corría
el año 1964. Y el dragón del comunismo internacional abría sus
siete fauces para comerse a Chile.
La
publicidad, sobre todo la publicidad en la televisión, bombardeaba a
los chilenos mostrando imágenes de iglesias quemadas, de tanques
rusos, de guerrilleros barbudos que secuestraban a los niños y se
los llevaban lejos.
Y
hubo elecciones. Y el miedo venció.
Y
Salvador Allende, el candidato derrotado me contó qué era lo que
más le había dolido de esa experiencia dolorosa.
La
empleada de la casa de al lado, la casa de al lado de su casa, en el
barrio de Providencia, era una pobre mujer que trabajaba veinte horas
por día ocupándose de los niños, lavando y planchando la ropa,
fregando, haciendo la comida... del día a la noche trabajando sin
parar, esa pobre mujer que había envuelto su ropa en una bolsa de
plástico y la había enterrado en el jardín, porque tenía miedo de
que si ganaban los Rojos le expropiaran su propiedad.
Seguridad
Durmiendo
nos vio. En el sueño de Elena estábamos los dos haciendo fila con
muchos otros pasajeros en algún aeropuerto, quién sabe cual, porque
todos los aeropuertos son más o menos todos iguales. Y cada pasajero
llevaba una almohada bajo el brazo. Rumbo a una máquina, que nos
esperaba, pasaban las almohadas bajo la máquina y la máquina leía
los sueños de la noche anterior.
Era
una máquina detectora de sueños peligrosos para el orden público.
Invasión
Tiene
pánico a la invasión el país que nadie ha invadido jamás, y que
sin embargo tiene la mala costumbre de invadir a los demás.
En
los años 80, el peligro se llamaba Nicaragua.
El
presidente Ronald Reagan asustaba a la población. Y denunciaba el
¡inminente peligro, la amenaza! de la invasión que iba corriéndose
desde América Central, México, vía Texas entrando en los Estados
Unidos y apoderándose del país... mientras a espaldas del
presidente un mapa mostraba esa Gran mancha roja que avanzaba.. La
teleaudiencia espantada no tenía la menor idea de dónde quedaba
Nicaragua... Ni sabía que ese pobre país había sido arrasado por
una dictadura de medio siglo, fabricada en Washington. Y después,
por un terremoto que no dejó nada en pie...
Y
esa teleaudiencia asustadísima, tampoco sabía que ese “País
Feroz” tenía en total cinco ascensores y una sola escalera
mecánica, que no funcionaba.
Diabladas
Hace
ya algunos siglos, Martín Lutero advirtió que Satán no está
solamente entre los moros, entre los turcos, sino que habita nuestra
propia casa. Que satán está en el pan que comemos y en el agua que
bebemos.
Y
pasaron los siglos y así siguió siendo.
En
el año 1982, el demonio tuvo la osadía de visitar al Papa en el
Vaticano.
Y
cuando el Demonio apareció en forma de becaria en el salón obal de
la Casa Blanca... El presidente Bill Clinton no lo conjuró usando
ninguno de esos anticuados métodos catolicos de exorcismo, sino que
Clinton explusó al maligno arrasando Yogoslavia en una guerra de
tres meses.
Guerras
mentidas
Las
guerras se venden mintiendo, como se venden los autos. Son
operaciónes de marketing y la opinión pública es el target.
En
el año 1964, el presidente Lyndon Johnson, denunció que los
Vietnamitas habían atacado dos buques de los Estdos Unidos en el
Golfo de Tonkin. Y entonces el presidente Johnson invadió Vietnam.
Cuando
ya la guerra había destripado a una gran multitud de vietnamitas, en
su mayoría mujeres y niños, el ministro de defensa de Johnson,
Robert Mac Namara, confesó que el ataque del Golfo de Tonkin nunca
había existido.
Los
muertos no resucitaron. Y en Marzo del año 2003, el presidente
George Bush denunció que Irak estaba a punto de aniquilar el planeta
con sus armas de destrucción masiva. Eran, según él, las armas más
letales jamás inventadas.Y entonces el presidente invadió Irák,
cuando ya la guerra había destripado una buena multitud de irakies,
en su mayoría mujeres y niños. El propio presidente Bush confesó
que las armas de destrucción masiva no habían existido, que esas
armas más letales jamás inventadas habían sido inventadas por él.
Cuando,
hace ya unos cuantos años, mi mamá me daba instrucciónes para
vivir, entre otras cosas me aseguró que la mentira tenía patas
cortas.
Pero
la mentira tiene patas larguísimas, porque en las elecciónes
siguientes el pueblo recompensó al presidente Bush reeligiéndolo.
Un
caso muy común
Doña
Chila Monti ya tenía unos cuantos años y estaba más cerca del arpa
que de la guitarra. Bien lo sabía su hijo Horacio, pero se pegó
tremendo susto cuando la vio como la vio: las manos tembleques, los
ojos salidos, las piernas flojas que no podían caminar... ¿Qué
pasó? ¿Qué pasó?, preguntó el hijo. Y la madre con un resto de
voz, la poca voz que le quedaba, alcanzó a musitar: “Me robaron”.
El hijo quiso saber qué cosas le habían robado. Y ahí ella pegó
un salto y resucitó, furiosa, indignadísima, “Vos bien sabés que
no tengo nada yo, ¿Qué cosas me iban a robar? ¡Ninguna! Cómo se
te ocurre semejante barbaridad...¿Tengo cosas yo? Bien sabe Dios que
cuando me llegue la hora subiré sin nada...” Bueno, bueno, dijo
Horacio, pero si decís que te robaron... “Sí, me robaron” ¿Y
qué se llevaron? “Las ideas”.
Yo,
mutilado capilar
Los
peluqueros me humillan cobrándome la mitad.
Me
consuelo recordando la frase de un amigo piadoso que me dijo alguna
vez: “Si el pelo fuera importante estaría adentro de la cabeza, no
afuera”.
Y
también me consuelo comprobando que en todos estos años se me ha
caído mucho pelo... pero ninguna idea... Lo que es una ventaja si se
compara con tanto arrepentido que anda por ahí.
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