sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A Ilha de Sukkwan, David Vann


David Vann tinha 13 anos quando o pai lhe pediu que passasse um ano com ele no Alasca. Profundamente deprimido, talvez tenha visto neste convívio com o filho alguma espécie de redenção e salvação. David recusou, era muito novo e teria de deixar a mãe, a irmã e os amigos para ir viver num ambiente do qual imaginou que não sairia ileso. Duas semanas depois o pai suicidou-se e David durante muitos anos levou consigo a ideia de que teria sido o culpado da morte do pai. Anos mais tarde resolve escrever A Ilha de Sukkwan, onde imagina o que teria sido se tivesse ido esse ano para o Alasca. A uma primeira vista podemos pensar, e não pensamos mal, que este livro é uma obra de redenção. Mas esse pensamento é limitativo, o livro é muito mais do que isso. É uma viagem psicológica pela ideia de David Vann do "se". E uma legitimação da escolha de alguma maneira. De uma salvação interior.
Não posso falar mais sobre o livro porque os meandros dessa viagem têm mesmo de ser lidos. Li outras críticas ao livro e sinto que há uma espécie de segredo entre os leitores da Ilha de Sukkwan. E vou manter assim. Com a vontade de uma conversa de café sobre Jim e Roy e sobre esta ilha sufocante e envolvente e, no limite, reveladora do mais cru e negro da relação de um pai com o seu filho.

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