O último JL traz um magnífico texto de valter hugo mãe, que o coloca numa melancolia e pessoalidade íntima que não tenho visto há uns tempos.
Tenho pensado nele como tenho pensado em "todos" eles. Tenho pensado qual será o sítio dele enquanto escritor. A editora dele e ele próprio trabalharam uma imagem que despoletou no FLIP com uma plateia de 2000 pessoas emocionadas. E com outros tantos mil emocionados por todos o mundo. E essa imagem tem-se tornado maior do que o escritor. A imagem do escritor que comove, que tem 40 anos e quer ter um filho. Não é uma imagem necessariamente negativa, é ternurenta e real. Mas não é mais do que uma imagem. E falar dele não deveria ser falar da sua capacidade de comover o público ou a sua vontade de ter um filho. É a velha discussão do que é mais importante: a vida ou o escritor. E eu nem acredito em importâncias desmesuradas. Nem me incomoda que alguns escritores sejam mediáticos. Talvez isto seja quase uma saudade dos tempos em que era eu e o meu valter. Naquele segredo dos livros dele, na intensidade, nas personagens que nos entram em casa e jantam connosco. Na carne viva. Se calhar é só uma questão de maiúsculas. Se calhar isto são só saudades, deve ser isso. Eu que esmiúço este meio até não poder mais reparo que o valter começa a ser daqueles escritores que alguns não querem ler porque estão cansados da "imagem". Como aconteceu com o Peixoto, como estranhamente (ou não) nunca aconteceu com o Gonçalo M. Tavares.
Vingo-me no Filho de Mil Homens, tão diferente dos outros, e no texto do JL onde ele diz como é que ele é enquanto escritor, sozinho, longe da ribalta, dos lançamentos sem cheiro nem gosto. É um piscar de olho aos leitores.
Em breve falarei do livro mas digo-vos desde já que está a ser em grande. Em bom. Em valter. Ou em Valter.
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