Dramaturgo, poeta, contista, romancista, tradutor - presidente do Ferdydurkismo hispano-americano, segundo palavras de Witold Gombrowicz, de e com quem traduziu, junto com outros escritores residentes nos anos 40 em Buenos Aires, o brilhante Ferdydurke - inconformista e iconoclasta, morto seis vezes, pelo menos, segundo palavras do seu amigo Reinaldo Arenas (uma dessas mortes coincide com a descontinuidade física), admirado por figuras como Sartre e Beauvoir, Borges e Cortázar, Enzensberger e Severo Sarduy; e homossexual - condição que o levou à prisão revolucionária cubana.
Este é o nosso autor e o livro chama-se O GRANDE BARO E OUTRAS HISTÓRIAS.
A Snob lança no final deste mês o seu primeiro livro. A esta aventura juntaram-se a nós o Rui Manuel Amaral que o traduziu e o Pedro Simões que o desenhou. Estamos até ao dia 30 de Novembro a lançar uma pré-venda do livro que viabilize a sua impressão. Gostaríamos de considerar todos os que nos ajudam como subscritores desta nossa nova viagem editorial. O nome de todos os que comprarem o livro antecipadamente figurará na última página do livro. Ele é nosso e vosso.
O livro está em pré-venda pelo valor de 10€, perto de 30% de desconto face ao preço final, portes de envio incluídos para Portugal Continental. Mas também enviamos para qualquer parte do mundo. Para isso deverão transferir o valor de 10€ para o IBAN: PT50 0035 0995 00674695530 36 (José Duarte da Silva Pereira), enviando comprovativo e nome - para figurar nos agradecimentos - para os livreiros por aqui ou para coleccaopedante@gmail.com.
Desde já um grande bem haja a quem nos acompanha, ajuda e, acima de tudo, a quem continua a ler connosco.
Excertos
de União Indestrutível
"O nosso amor vai de mal a pior. Escapa-se das mãos, da boca, dos olhos, do coração. O peito dela já não se abriga no meu e as minhas pernas já não correm ao seu encontro. Caímos no que de mais terrível pode ocorrer a dois amantes: devolvemos as caras. Ela arrancou a minha cara e atirou-a para cima da cama; eu tirei a dela e chapei-a com violência no espaço deixado pela minha. Já não velaremos mais o nosso amor. Vai ser muito triste ir cada um para seu lado."
de A Carne
"Ali chegado, fez saber que cada pessoa deveria cortar da nádega esquerda dois bifes, em tudo semelhantes a uma amostra em gesso vermelho que pendia de um reluzente arame. E declarou que deveriam ser dois bifes e não um, porque se ele próprio cortara da nádega esquerda um belo bife, convinha que a coisa avançasse a bom ritmo, isto é, que ninguém comesse um bife a menos. Assentes estes pontos, todos se dedicaram a cortar dois bifes das
respectivas nádegas esquerdas. Era um espectáculo glorioso, mas que dispensa mais descrições. Fizeram-se cálculos para determinar o tempo durante o qual a cidade poderia ainda gozar dos benefícios da carne. Um famoso anatomista calculou que, partindo de um peso de cerca de quarenta e cinco quilos, e descontando vísceras e demais órgãos não comestíveis, um indivíduo podia comer carne durante cento e quarenta dias, à razão de duzentas e vinte e seis gramas por dia. De qualquer maneira, era um cálculo ilusório. E o que interessava era que cada um pudesse comer o seu belo bife."