quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Teoria da Viagem: uma Poética da Geografia, Michel Onfray

neste livro Michel Onfray fala com os viajantes. com os que viajam a vida inteira e passam os intervalos das viagens a pensar voltar a sair. para quem gosta deste estilo de vida nómada, este livro é um diálogo pessoal. uma conversa. um assentimento de tudo o que já vimos e experienciámos. a viagem solitária que me levou aos meus dias em Buenos Aires, a viagem com um amigo que me levou à Capadócia. e no livro há o nosso espaço de resposta porque Onfray sugere experiências e a nossa resposta é o assentimento ou o questionamento de volta. será que as viagens não são para se repetir, como ele afirma? saí de Buenos Aires, de Nova York e de Paris com um até já, mas saí do Niger ou de Banguecoque com a nostalgia da despedida. e não foi por acaso. há sítios que ainda têm segredos para nos contar ou segredos que partilhamos com os sítios e que queremos contar a outras pessoas. a esses sabemos que vamos regressar.

e como em todas as viagens há o regresso. é disso que Michel Onfray fala neste livro. fala do ciclo fechado da nossa vontade de sair. o estar, sair, ver, viver e regressar. regressar diferente e com vontade de sair outra vez para depois regressar. fala da casa, dos nossos sítios.
(acho mesmo que a certa altura falou da minha janela.)

a viagem é erroneamente considerada um momento com início e fim. a viagem é, na verdade, um estado de viagem onde podemos habitar continuamente. esse é um dos segredos que Onfray nos revela neste livro, mesmo sem o nomear.


[descobri este livro na melhor e maior de todas as viagens. as viagens também marcam os livros que lemos e o contrário é também tão verdade. por isso, para mim, agora, este livro está marcado, de alguma forma, como o primeiro. imprescindível para qualquer leitor-viajante. para mim imprescindível desde que soube que existia.]

2 comentários:

rafael disse...

Muito bem, a tua recensão.

rosa disse...

obrigada :)