[…] Não é necessária muita reflexão para concluir que, se uma pessoa fosse justa consigo mesma e tudo estivesse bem no mundo, só a última razão, a que hoje em dia tem menos importância, seria válida.”
este é um livro do qual não se devia falar. podíamos dizer que é um livro sobre a leitura, pragmática e de profundidade, livro que questiona a utilidade da própria leitura - ler na retrete é ler com uma utilidade contextual. qualquer uma destas interpretações, não estando longe da verdade, estão a fugir ao próprio propósito do livro, discutir e incentivar a absoluta liberdade do leitor que não deve necessitar da leitura para disfarçar momentos de silêncio e contemplação.
na verdade assistimos a uma dessacralização da leitura, leitura essa que é orgânica e não sagrada, interior e não cumpre regras ou ditames, pertence a todos de forma democratizada e independente de constrangimentos exteriores como a história ou a cultura - é por isso um livro sobre a solidão, uma apologia da individualidade e da leitura como parte integrante do homem e que por isso não é parte obrigatória dessa humanidade.
(e é também, claro, um livro sobre a importância de nos libertarmos do que em nós está a mais e que não é utilizado pelo corpo e que por isso deve ser expelido libertando-nos de impurezas.)
não é possível concluir se Miller defende ou condena a leitura na retrete, no limite nem interessa. não se pode afirmar nada deste teor em livros que são hinos à liberdade do leitor. fica a cada leitor o entendimento de uma resposta na verdade impossível de obter.
esta é uma edição cuidada e conjunta ignota e sr teste. em bom.
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