quinta-feira, 18 de março de 2010

O João Paulo Borges Coelho é o maior!


A entrevista completa aqui.

A sua prosa é clássica, não há qualquer esforço para encaixar no estereótipo do escritor africano. É deliberado?


A minha escrita é clássica mas há, por vezes, um desvio do cânone. Não sou um purista. É verdade que neste livro há uma abordagem mais neutra da língua, como se dissesse que a questão do livro não é a língua.

O facto de o protagonista e narrador ser um alemão também pede essa abordagem mais neutra.

Do ponto de vista daquilo que está construído como sendo a literatura moçambicana, meter uma personagem alemã deixa as pessoas perplexas. É um atentado ao formato clássico. Se calhar devia pôr um colonialista férreo, maléfico, ou então um libertador puro. Mas não é isso que me interessa.

Interessa-o mais a literatura do que esse tipo de discurso?

Desconfio da literatura enquanto arma para educar as pessoas. As pessoas educam-se a si próprias. O livro tem de ser suficientemente aberto para que o usem como entenderem, até para declararem a nulidade dele. Se não há liberdade, perde o interesse. Como tal, resisto muito a que este livro seja considerado um romance histórico.

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