ontem falou-se de livros no chapitô. mais uma vez. e de livreiros e de leitores. ali éramos todos leitores, alguns éramos livreiros, outros tínhamos sido livreiros, outros queriam ser para sempre livreiros, um certo tipo de livreiro, o nosso tipo de livreiro.
claro que não houve grandes conclusões, nem era para haver. a leitura está bem e recomenda-se. um grande passo para a leitura é haver livros e esses cada vez há mais. e não é correcto, de todo, dizer que há cada vez mais livros maus. há também cada vez mais livros bons. editoras como a Ahab ou a Cavalo de Ferro vieram transformar todo o panorama. há livros mesmo muito bons, e muitos deles, apesar de discretamente, também chegam ao top.
hoje não me apetece ser fatalista porque, primeiro, tento nunca o ser, e, depois, porque ontem levámos uma lição "daquelas". fatal não é acabarem os livros em papel porque como diz o nosso querido livreiro velho "eu não vendo papel", e, no limite, ao haver livros electrónicos para além dos livros em papel, há mais livros.
agora não me lixem, o livreiro tem uma missão. e se bem que ontem essa missão não tivesse sido directamente lançada para o colo dos espectadores apesar de muito se ter especulado sobre ela, a verdade é que o comentário que um espectador fez ia contra premissas que estavam a ser defendidas no tanque: "queremos dar ao leitor o livro que nós queremos ler ou o livro que ele quer ler?". a resposta só podia ser uma: queremos dar-lhe aquilo que ele quer, que muitas vezes é que lhe demos aquilo que queremos ler.
um livreiro tem de vender, será sempre verdade, mas haverá alguma razão para que o joaquim não venda seguros ou maçãs. "apesar de". haverá sempre um "apesar de". apesar de o mercado estar difícil, de as vendas estarem difíceis, e tudo e tudo e tudo. livros são livros, caramba. e isso ninguém lhes tira. nem nos vencem pelo cansaço, que o cansaço às vezes também alimenta. e isso viu-se ontem naquelas 50 pessoas que ouviam e falavam. há ainda muito a dizer, a discutir, a reflectir. "apesar de".
um bem haja a todos os que estiveram, os que quiseram estar e os que hão-de estar. e até setembro!
5 comentários:
É engraçado os convidado para o lançamento da conversa estarem dentro de um tanque de lavar roupa. E quando se lava roupa é porque ela está suja.
Ontem não lavámos roupa suja, no entanto. A roupa está lavada. Vê-se-lhe a côr. Se alguma mancha persiste também ela dá côr de si.
O que estávamos era a pôr a roupa a corar! Ali! Estendidinha! Para toda a gente ver! E foi bonito de ver. E sentir o aveludado do mor aos livros. Do amor pela leitura.
(A alheira de caça também não estava nada mal!)
Às tantas fiquei um pouquito preocupado se não estávamo a dar uma seca a quem com o livros apenas tem uma relação de leitura dado termos entrado, embora de forma ligeira, pela vida do negócio. E esse é um problema dos livreiros e não dos leitores.
A Rosa esteve resplandescente e de parabéns pela força que imprime à coisa.
O Luís Guerra ainda vai ter uma estátua paga em prestações pelos livreiros.
O Rafael ainda voltará a ter uma livraria com os clássicos todos a cairem-lhe em cima. Se não, pelo menos uma bibliotecazita...
O Pedro só disse merda uma vez e esteve como só ele sabe estar. Faz sempre bem o humor a dar seriedade ao assunto.
O Joaquim, depois de duas garrafas de água - água é o que melhor sabe meter - arrumou as botas e rumou a Sines para preparar as boas-vindas aos viitantes o FMM.
A Teresa, uma senhora da cultura, acabou muito bem com uma intervenção que merece a minha chapelada.
Pronto, já está!
Peço desculpa ao Ricardo por lhe ter trocado o nome por Rafael... É que a Rafaela não me sai da cabeça!... Desculpa
em Setembro, já agora, é pedir muito uma reedição da alheira?
em ânsias, estantes de...
;_)))
Muito bom o texto, Rosa.
Muito bom.
Beijos agradecidos,
Juva
obrigada a todos! sim, a alheira estava do melhor, e o tanque e tudo! grande noite.
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