fala de uma criança com a alma torcida pela fé. torcida e iluminada, como quem acredita que é santo e que é inegável que nada é casual. que a vida não se vive sem um gesto atento dos enviados de deus. este livro fala-nos do benjamin que vê o desenrolar trágico da sua aldeia e sente que os seus olhos, gestos, vontades e desejos têm um poder nunca antes sequer imaginado nas mais torcidas lendas religiosas. e benjamin quase podia ter sido uma criança normal se não acreditasse neste seu poder de escrever a história sempre trágica. e o benjamin é a "criança mais triste do mundo" sobretudo porque é uma criança que ama desmesuradamente todas as pessoas de quem não pode acreditar infinitamente na salvação. a sua mãe, a sua tia pecadora, a professora que conversa com ele em cima do telhado da escola, a germana que desenha corações na praia onde cabem os dois lá dentro, o manel, melhor amigo, santo como benjamin, filho da primeira de muitas tristezas. é um livro triste sim, mas um livro sobre o poder que temos sobre as vidas uns dos outros, sobre o modo como temos todos os braços entrelaçados e tomamos conta das mãos uns dos outros. mais uma vez o valter ensina-nos a existir. a perceber. a "guardar tudo no peito e começar a perceber".
e é aquela escrita que é vento, magia, uma tempestade. um sobressalto a cada palavra. uma verdade a cada final de frase. o valter é muito grande. este livro é muito grande. é escuridão e uma salvação intrínseca. e chegar aí é, claro e sempre, muito raro.
2 comentários:
Rosaaaaaaaa, Rosinhaaaaa: tenho o "reino" já guardado no bornal das férias, juras e promessas de o não abrir antes, até para desfazer um pouco a pilha à cabeceira e acabar, mesmo, os demais em curso de leitura avulsa e convulsa...
donde o risco deste perigoso post, donde a primeira vez que comento um post sem o ler
cá voltarei para um eventual diálogo, por agora deliberadamente suspenso nos votos, amigos, de óptimas férias e óptimas leituras
;_)))
igualmente! vais amar, depois logo vemos se concordas comigo...
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