no entanto fui rapidamente engolida pela cidade. no meu silêncio e nas ruas tumultuosas encontrei uma cidade que não quer fascinar nem encher as medidas de ninguém. uma cidade que existe, com alguma arrogância e uma absoluta descontracção. vive-se (em) Buenos Aires irreflectidamente e de forma orgânica.
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Schoo conta aqui uma Buenos Aires. não tem apenas um ponto de vista não apenas na ideia que espelha da cidade mas também na forma como escreve. Schoo é um escritor argentino e não surpreende ao quebrar a forma que julgamos entender no início do livro. num ritmo cadenciado de pequenos textos aparentemente equilibrados, Schoo quebra a cadência pelo conteúdo do espaço de intenção que a cidade ocupa em cada um deles. o que aparentemente é equilibrado é na verdade absolutamente único, capítulo a capítulo. como é também recorrente na literatura argentina não é perceptível quando estamos perante a verdadeira ficção ou marcas biográficas - uma clara herança / convívio com Borges - o que aliás, como sempre, pouco interessa. interessa apenas por nos deixar suspensos de um texto tão pessoal que vamos balançando do real para o ficcionado ao nosso bel prazer tornando-nos assim parte da própria narrativa.
este é, assim, desde já, um livro obrigatório para quem conta atravessar o Oceano para visitar a terra dos escritores. só se pode conhecer Buenos Aires conhecendo cada uma das cidades que existe em cada viajante e em cada portenho. esta é uma das Buenos Aires portenha. só tem um ponto negativo - agora queria ler mais Schoo e vai ser um 31 para o encontrar. se calhar terei de regressar a Buenos Aires.
eu, ao contrário de Quevedo, referi Borges. shame on me...
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