hoje no Público, colecção "Livros proibidos", o livro Fátima de Tomaz da Fonseca.
[o Público mostra como a literatura é a forma fiel de fazer História]
Obrigatório ler na nota introdutória (tão actual, a propósito do incentivo à escrita desta obra e outras semelhantes):
"Pois aí têm. E, agora, extingam, se virem que há vantagem, o incêndio a que não quiseram acudir, quando era ainda um pequeno fugacho, que qualquer abafaria com um simples ramo ou com a sola do sapato. Por mim, não tentei o menor gesto para o dominar, porque achei bem que se lançasse e longamente ardesse, a ver se aqueceria tanto corpo arrefecido, iluminando ao mesmo tempo a legião de consciências e vontades que jazem amodorradas no indiferentismo, na miséria ou nas desilusões que os anos acarretam.
Só o tempo nos dirá se realmente iluminou e pôs de pé esses amodorrados, ou se a labareda foi tão forte, que tudo haja esterilizado e reduzido a cinzas.
Consideração final:
Ninguém ignora hoje que um livro da natureza deste, posto a circular em Portugal, põe em risco não apenas a liberdade do autor, mas ainda a sua própria vida. Embora! Morra ele, mas vivam os tristes que salpicam de lágrimas e sangue os caminhos que levam aos santuários donde regressam mais pobres e mais desventurados!
Sim. Morra ele, mas vivam esses e, com eles, todos os que têm fome e sede de justiça! E morra como deve morrer: no campo donde se volta livre, ou se não volta mais."
Sobre Tomaz da Fonseca.
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