Foi
apenas uma ocasião feliz que me tenha encontrado numa noite quente
de Verão com as que viriam a ser as editoras da Guilhotina: Diana
Pimentel, Maria Quintans e Cláudia Lucas Chéu. Todas têm caminhos
editoriais variados quer enquanto editoras ou enquanto autoras para
além de viverem as três dentro da realidade editorial pelo percurso
pessoal que foram formando. Conhecem o meio, as formas e os livros
que querem defender. Sabem que caminho fazer, têm convicção, bons
princípios e ideias claras. E assim depois de percursos diversos
chegaram as três juntas à Guilhotina. Uma editora que promete
muitas surpresas e um caminho único, do qual falarei (muito,
acredito) nos próximos tempos.
Quando
conversamos à volta de um copo de vinho branco o discurso das
editoras flutua entre o positivo e o negativo, de forma apesar disso
equilibrada. Admitem que os editores já não trazem prestígio aos
autores como há uns anos atrás. Procura-se uma marca que prestigie.
E isso não acontece por acaso – não se procura o editor porque
essa figura foi desaparecendo. Diana Pimentel acredita que o que
distingue esses editores dos outros é que o interesse ao receber uma
proposta de livro para editar se centra apenas no texto. Apesar de
esta formulação parecer clara, a verdade é que não o é. A
construção de um escritor passa hoje por um gigante leque de
condicionantes contextuais, os leitores têm exigências diferentes
na procura do livro para ler, muitos são clientes e não leitores.
Muitas vezes os editores regem-se por estas fórmulas tentando assim
obter sucessos nas vendas. As figuras que medeiam a leitura já não
são as mesmas, já não se procura um texto como se procurava há
uns anos atrás quando os escritores não estavam envoltos numa teia
de contextos tão complexa como esta - notoriedade, figura pública,
prémios, polémicas, relações externas ao livro, entre outros.
É
assim fundamental focarmo-nos na realidade do leitor. Podemos pensar
esta questão das editoras pequenas ou editoras independentes de
vários pontos de vista mas o do leitor é pouco reflectido. As
editoras mais pequenas, ao serem dependentes do texto para o fazer
vender – não podendo recorrer a estratégias comerciais para as
quais não têm fundo de maneio e para as quais, no limite, nem têm
interesse (uma vez que os objectivos passam apenas por tornar os
livros sustentáveis por si) – apresentam-nos o texto de forma
inócua, deixando-nos livremente a escolha do mesmo, que vive assim,
ainda de forma mais presente, a força do próprio texto. Quem
escolhe o que vai ler é o leitor e não o mercado, os livros são
disponibilizados e não impostos por uma lógica comercial. Assim a
Guilhotina promete uma escolha criteriosa de textos aos quais teremos
acesso de forma activa enquanto leitores e, (posso apenas acreditar
porque ainda não os li) de forma absolutamente apaixonada.
A editora Guilhotina será apresentada esta sexta-feira, 21 de Novembro, no Primeiro Andar em Lisboa e serão lançados os três primeiros livros:
aerogramas, de Diana Pimentel, com apresentação de Fernanda Freitas e leituras de Raquel Marinho.
A Mala, de Valério Romão, com apresentação de Frederico Pedreira e leituras de Paula Lobo Antunes.
Trespasse, Cláudia Lucas Chéu, com apresentação de Miguel Real e leituras de Albano Jerónimo.
A Mala, de Valério Romão, com apresentação de Frederico Pedreira e leituras de Paula Lobo Antunes.
Trespasse, Cláudia Lucas Chéu, com apresentação de Miguel Real e leituras de Albano Jerónimo.
1 comentário:
GOSTO DO CONCEITO DESTA EDITORA . GOSTARIA DE SABER QUAL O VOSSO ENDEREÇO PARA VOS ENVIAR ALGUNS TRABALHOS PARA APRECIAÇÃO. O MEU E MAIL É: balbino.julia@iol.pt
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