terça-feira, 18 de novembro de 2014

as Edições Guilhotina quando ainda não o eram


 Foi apenas uma ocasião feliz que me tenha encontrado numa noite quente de Verão com as que viriam a ser as editoras da Guilhotina: Diana Pimentel, Maria Quintans e Cláudia Lucas Chéu. Todas têm caminhos editoriais variados quer enquanto editoras ou enquanto autoras para além de viverem as três dentro da realidade editorial pelo percurso pessoal que foram formando. Conhecem o meio, as formas e os livros que querem defender. Sabem que caminho fazer, têm convicção, bons princípios e ideias claras. E assim depois de percursos diversos chegaram as três juntas à Guilhotina. Uma editora que promete muitas surpresas e um caminho único, do qual falarei (muito, acredito) nos próximos tempos.
Quando conversamos à volta de um copo de vinho branco o discurso das editoras flutua entre o positivo e o negativo, de forma apesar disso equilibrada. Admitem que os editores já não trazem prestígio aos autores como há uns anos atrás. Procura-se uma marca que prestigie. E isso não acontece por acaso – não se procura o editor porque essa figura foi desaparecendo. Diana Pimentel acredita que o que distingue esses editores dos outros é que o interesse ao receber uma proposta de livro para editar se centra apenas no texto. Apesar de esta formulação parecer clara, a verdade é que não o é. A construção de um escritor passa hoje por um gigante leque de condicionantes contextuais, os leitores têm exigências diferentes na procura do livro para ler, muitos são clientes e não leitores. Muitas vezes os editores regem-se por estas fórmulas tentando assim obter sucessos nas vendas. As figuras que medeiam a leitura já não são as mesmas, já não se procura um texto como se procurava há uns anos atrás quando os escritores não estavam envoltos numa teia de contextos tão complexa como esta - notoriedade, figura pública, prémios, polémicas, relações externas ao livro, entre outros.
É assim fundamental focarmo-nos na realidade do leitor. Podemos pensar esta questão das editoras pequenas ou editoras independentes de vários pontos de vista mas o do leitor é pouco reflectido. As editoras mais pequenas, ao serem dependentes do texto para o fazer vender – não podendo recorrer a estratégias comerciais para as quais não têm fundo de maneio e para as quais, no limite, nem têm interesse (uma vez que os objectivos passam apenas por tornar os livros sustentáveis por si) – apresentam-nos o texto de forma inócua, deixando-nos livremente a escolha do mesmo, que vive assim, ainda de forma mais presente, a força do próprio texto. Quem escolhe o que vai ler é o leitor e não o mercado, os livros são disponibilizados e não impostos por uma lógica comercial. Assim a Guilhotina promete uma escolha criteriosa de textos aos quais teremos acesso de forma activa enquanto leitores e, (posso apenas acreditar porque ainda não os li) de forma absolutamente apaixonada. 

A editora Guilhotina será apresentada esta sexta-feira, 21 de Novembro, no Primeiro Andar em Lisboa e serão lançados os três primeiros livros:
aerogramas, de Diana Pimentel, com apresentação de Fernanda Freitas e leituras de Raquel Marinho.
A Mala, de Valério Romão, com apresentação de Frederico Pedreira e leituras de Paula Lobo Antunes.
Trespasse, Cláudia Lucas Chéu, com apresentação de Miguel Real e leituras de Albano Jerónimo. 

 

1 comentário:

Unknown disse...

GOSTO DO CONCEITO DESTA EDITORA . GOSTARIA DE SABER QUAL O VOSSO ENDEREÇO PARA VOS ENVIAR ALGUNS TRABALHOS PARA APRECIAÇÃO. O MEU E MAIL É: balbino.julia@iol.pt