De fora a poesia parece desordenada. Não há escolas, não há poetas
arrastando atrás de si poetas mais jovens. Os jovens poetas querem a
independência. Por conseguinte, estamos num tempo de poesia verdadeira,
de poesia que não imita, é um facto. Não salta à vista? Não tem
importância nenhuma. É preciso procurar as pedras preciosas; escondidas
ainda são mais preciosas. Gostaria de lhe transmitir a minha impressão
de que estamos num tempo de poesia exuberante. Não se trata de grandes
tiragens. Aliás tenho a impressão de que as grandes tiragens seriam
perigosas porque correriam o risco de passar por uma imitação da poesia
do século passado.
As pessoas têm medo dos poetas e têm razão. Um poeta é alguém que perturba uma porção de coisas, é muito inquietante a poesia.
[...]
Depois [de Lautréamont] houve todos os outros, todos aqueles [poetas]
que me mandaram os seus livros. Os meus amigos poetas. Fazem a
felicidade da minha vida.
Gaston Bachelard
entrevistado em Os escritores e a literatura, Madeleine Chapsal
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