Não faças Terrorismo Poético para outros artistas, fá-lo para pessoas que não perceberão que o que acabaste de fazer é arte. Hakim Bey
terça-feira, 30 de abril de 2013
terça-feira, 23 de abril de 2013
dia mundial do livro
estes dias deveriam ser de celebração e de festa. a postura perante cenários apocalípticos para os livros tem aliás sido essa, e sem grande esforço, porque há sempre um lado nos livros mais presente e preponderante que as análises economicistas da presente conjuntura. no entanto há situações que têm de ser denunciadas e faladas à exaustão, mesmo que estejam espalhadas por todo o lado e tidas como "naturais" e "expectáveis" "face à crise".
em primeiro lugar vou-me repetir e dizer que os livros não são meros objectos de distracção, não servem como acompanhamento de momentos de pausa e de descontracção. hoje não me está a apetecer ser politicamente correcta (porque mais ninguém o tem sido no ataque aos apoios à cultura e nomeadamente aos apoios ao negócio dos livros) e portanto quero lá saber do "também pode ser para descontrair e sei lá mais o quê". vou saltar essa parte olimpicamente.
os livros fazem parte em absoluto da forma de moldar o nosso pensamento. cada livro que lemos ensina-nos um mundo de coisas, quer seja por vontade explícita do texto, quer seja por identificação com o que lemos, uma vez que cada livro tem um autor e cada autor uma vivência e um ponto de vista. não acredito na leitura como um valor em si próprio porque a leitura ensina a molda-nos o pensamento, logo, nem todas as leituras são positivas por si só.
a cultura faz parte de um modo de vida saudável e inteligente - a inteligência torna-nos mais conscientes, logo, capazes de agir em consciência, assenta-nos nos carris e torna-nos mais confiantes nas nossas escolhas e na validade do nosso quotidiano. é cretino e nada inteligente pensarmos que um estado não apoia a cultura porque o dinheiro que lhe seria devido faz mais falta em outros tipos de apoios. os apoios são todos necessários e não se substituem uns aos outros. o crime não está em querermos ter livros e teatros e cinema (que sim, tem muito público, não sabe quem não vai e se baseia em preconceitos simplistas). o erro não está em termos cortes na cultura ou livrarias a fechar porque não há poder de compra e os livros não são bens de primeira necessidade. o crime está em acharmos que isso não é grave - que não é grave termos livrarias a fechar por causa das novas leis do arrendamento. que não é grave termos um cinema reconhecido mundialmente que está parado em absoluto. termos cadeias livreiras que não respeitam a lei do preço fixo e que podem não o fazer, prejudicando o comércio tradicional. o que é grave, e já não é a primeira vez que o digo, é que se ache que tem de ser assim e que a cultura deve ser auto-suficiente. então daqui a pouco também achamos que quem quer estudar tem de pagar por isso, ou quem quer ter um sistema nacional de saúde eficaz tem de pagar por isso. a cultura meus caros, não é um bem menor. um país informado, culto, consciente, íntegro é um país com um poder incalculável. se calhar o problema é mesmo esse.
hoje é o dia mundial do livro e está marcado pelo cancelamento da feira do livro do porto, pelo fecho de duas gigantes livrarias históricas em lisboa e pelo eminente fecho de outras livrarias um pouco por todo o país. a indiferença face a isto a que assistimos por todo o lado faz-me ficar triste de viver num país que valoriza tão pouco a sua cultura, desvalorizando as suas livrarias. podemos ser um país esmagado por tiranias e que ainda assim resiste é verdade. mas assistirmos a este esmagamento da nossa história cultural de braços cruzados é, a meu ver, vergonhoso e inglório. andamos tão revoltados com o estado do país e depois há situações gravíssimas, menos "generalistas" e "óbvias" que escapam à atenção da grande maioria das pessoas.
não estou a ser muito simpática nem consensual eu sei, mas desta vez, neste dia mundial do livro, apeteceu-me em vez de me unir aos meus amigos livreiros e gentes dos livros a quem esta situação preocupa diariamente, lançar alguma água fria para cima do cinismo anti-cultura que se está a levantar em cada canto. estamos numa época perigosa. e não podemos acreditar que os inimigos são apenas os outros. temos estar atentos para que não nos encham de negativismo e desânimo e, pior que tudo, indiferença. e não podemos nunca deixar de lançar água fria a quem opta por esse caminho de forma sempre tão displicente. eles são a rapariga da porta ao lado e essa porta está demasiado ao nosso lado para nos ser indiferente.
em primeiro lugar vou-me repetir e dizer que os livros não são meros objectos de distracção, não servem como acompanhamento de momentos de pausa e de descontracção. hoje não me está a apetecer ser politicamente correcta (porque mais ninguém o tem sido no ataque aos apoios à cultura e nomeadamente aos apoios ao negócio dos livros) e portanto quero lá saber do "também pode ser para descontrair e sei lá mais o quê". vou saltar essa parte olimpicamente.
os livros fazem parte em absoluto da forma de moldar o nosso pensamento. cada livro que lemos ensina-nos um mundo de coisas, quer seja por vontade explícita do texto, quer seja por identificação com o que lemos, uma vez que cada livro tem um autor e cada autor uma vivência e um ponto de vista. não acredito na leitura como um valor em si próprio porque a leitura ensina a molda-nos o pensamento, logo, nem todas as leituras são positivas por si só.
a cultura faz parte de um modo de vida saudável e inteligente - a inteligência torna-nos mais conscientes, logo, capazes de agir em consciência, assenta-nos nos carris e torna-nos mais confiantes nas nossas escolhas e na validade do nosso quotidiano. é cretino e nada inteligente pensarmos que um estado não apoia a cultura porque o dinheiro que lhe seria devido faz mais falta em outros tipos de apoios. os apoios são todos necessários e não se substituem uns aos outros. o crime não está em querermos ter livros e teatros e cinema (que sim, tem muito público, não sabe quem não vai e se baseia em preconceitos simplistas). o erro não está em termos cortes na cultura ou livrarias a fechar porque não há poder de compra e os livros não são bens de primeira necessidade. o crime está em acharmos que isso não é grave - que não é grave termos livrarias a fechar por causa das novas leis do arrendamento. que não é grave termos um cinema reconhecido mundialmente que está parado em absoluto. termos cadeias livreiras que não respeitam a lei do preço fixo e que podem não o fazer, prejudicando o comércio tradicional. o que é grave, e já não é a primeira vez que o digo, é que se ache que tem de ser assim e que a cultura deve ser auto-suficiente. então daqui a pouco também achamos que quem quer estudar tem de pagar por isso, ou quem quer ter um sistema nacional de saúde eficaz tem de pagar por isso. a cultura meus caros, não é um bem menor. um país informado, culto, consciente, íntegro é um país com um poder incalculável. se calhar o problema é mesmo esse.
hoje é o dia mundial do livro e está marcado pelo cancelamento da feira do livro do porto, pelo fecho de duas gigantes livrarias históricas em lisboa e pelo eminente fecho de outras livrarias um pouco por todo o país. a indiferença face a isto a que assistimos por todo o lado faz-me ficar triste de viver num país que valoriza tão pouco a sua cultura, desvalorizando as suas livrarias. podemos ser um país esmagado por tiranias e que ainda assim resiste é verdade. mas assistirmos a este esmagamento da nossa história cultural de braços cruzados é, a meu ver, vergonhoso e inglório. andamos tão revoltados com o estado do país e depois há situações gravíssimas, menos "generalistas" e "óbvias" que escapam à atenção da grande maioria das pessoas.
não estou a ser muito simpática nem consensual eu sei, mas desta vez, neste dia mundial do livro, apeteceu-me em vez de me unir aos meus amigos livreiros e gentes dos livros a quem esta situação preocupa diariamente, lançar alguma água fria para cima do cinismo anti-cultura que se está a levantar em cada canto. estamos numa época perigosa. e não podemos acreditar que os inimigos são apenas os outros. temos estar atentos para que não nos encham de negativismo e desânimo e, pior que tudo, indiferença. e não podemos nunca deixar de lançar água fria a quem opta por esse caminho de forma sempre tão displicente. eles são a rapariga da porta ao lado e essa porta está demasiado ao nosso lado para nos ser indiferente.
curso de literatura contemporânea
em todos os cursos acrescento um ou dois autores. desta vez vou acrescentar dois, muito diferentes, em planos muito distintos.
lancem as vossas opiniões!
miguel esteves cardoso & rui nunes
lancem as vossas opiniões!
segunda-feira, 22 de abril de 2013
sábado, 20 de abril de 2013
sexta-feira, 19 de abril de 2013
quarta-feira, 17 de abril de 2013
hoje
é complicado estarmos sempre em questionamento. mas a verdade é que a exigência que coloco nos ombros faz-me pensar muitas vezes se este caminho que vou escolhendo é ou não o caminho certo. há uma forma de perceber por onde ir - é irmos por onde haja uma vontade irremediável de ir. e tenho sentido isso poucas vezes excepto pelo Boris Vian, que é inegável. o esforço deveria ser no diálogo com o livro e não para chegar ao livro. quando nos sentamos perante vinte pessoas e a única forma de lhes chegarmos é quando falamos pelo lado negativo, algo se passa. falta-me o fogo de artifício. ou melhor, ele não me falta - falta sentar-me diante de vinte pessoas e falar nele.
não digo que o caminho que vou escolhendo esteja errado. é o que eu sei e conheço, o que eu sei defender e de que sei falar. sei até que tenho uma missão de lutar contra alguns preconceitos e pôr pessoas a questionar as suas dúvidas. mas há algo de estável nisto tudo, de plano. e como afirmei hoje esse é o maior dos crimes.
tenho demasiados livros em cima da mesa. tenho demasiadas ideias. tenho poucas pessoas para falar e para me puxarem ideias para fora. tenho demasiado trabalho utilitário. estou num mau sítio literário onde ler todos os dias não chega, preciso andar espantada de ler todos os dias. falta-me poesia. golpes de génio. deposito alguma esperança em livros novos. vamos ver onde me leva este caminho tão exasperante quanto explosivo. terá de ser a outro lado sem deixar este. terá de ser um caminho a mais.
não digo que o caminho que vou escolhendo esteja errado. é o que eu sei e conheço, o que eu sei defender e de que sei falar. sei até que tenho uma missão de lutar contra alguns preconceitos e pôr pessoas a questionar as suas dúvidas. mas há algo de estável nisto tudo, de plano. e como afirmei hoje esse é o maior dos crimes.
tenho demasiados livros em cima da mesa. tenho demasiadas ideias. tenho poucas pessoas para falar e para me puxarem ideias para fora. tenho demasiado trabalho utilitário. estou num mau sítio literário onde ler todos os dias não chega, preciso andar espantada de ler todos os dias. falta-me poesia. golpes de génio. deposito alguma esperança em livros novos. vamos ver onde me leva este caminho tão exasperante quanto explosivo. terá de ser a outro lado sem deixar este. terá de ser um caminho a mais.
sábado, 13 de abril de 2013
sábado à noite
numa relação apaixonada com boris vian
"uma porta ou está aberta ou está fechada. ou desmontada se é urgente mudar a fechadura."
"uma porta ou está aberta ou está fechada. ou desmontada se é urgente mudar a fechadura."
sexta-feira, 12 de abril de 2013
para que fique claro
se bem que me parece incrível que tenha de esclarecer algumas mentes sobre isto: o facto de um livro vender muito e ser lido por muitas pessoas não significa que seja um bom livro ou que o facto de ter muitos leitores seja uma mais-valia para a qualidade do livro. meus queridos, vamos pôr os padrõezinhos lá em cima ok?
obrigada.
obrigada.
terça-feira, 9 de abril de 2013
CONFERÊNCIA . CONTEMPORANEIDADES NA LITERATURA PORTUGUESA . da sociedade aos livros
16 de Abril
21h30
entrada livre
Livraria Pó dos Livros
com rosa azevedo
Quem são os novos autores portugueses? O que os une e o que os separa?
Em que nome escrevem e em que nome surgem em público? Numa época de
novas tecnologias, novas formas de aparecer em público, crise económica,
intelectual e ideológica, o que é preciso para se ser um escritor?
O século XXI trouxe novos paradigmas à literatura. A passagem de século
é uma passagem temporal como outra qualquer mas a verdade é que foi
neste início de século até aos nossos dias que assistimos à explosão da
Internet com as redes sociais, blogs e meios de divulgação. Com isto os
escritores saem do desconhecido para se tornarem figuras públicas
facilmente reconhecidas na rua e cuja vida privada acaba por ser
conhecida e confundida com a sua obra de forma mais perversa do que
antes porque o meio é, arrisco dizer, mais selvagem. Mas há excepções. E
há diferentes tipos de leitores e, no limite, são os leitores que fazem
uma grande parte do que um escritor é.
Depois podemos ainda
reflectir sobre a razão da escrita. O que faz um escritor? Que tipos de
escritores existem? O que nos confere autoridade para avaliar as
intenções de um escritor? De que forma as intenções de um escritor
alteram a forma como recebemos o texto e como o lemos?
Em Portugal
proliferam novos escritores. Sofrem em bloco da “angústia da influência”
procurando, acima de tudo, a originalidade. A que custo? Em que nome
escrevem eles?
esta conferência serve de apresentação ao curso com o mesmo nome a realizar em Maio também na Pó dos Livros. a presença na conferência confere 10€ de desconto no curso. no entanto a presença na conferência não pressupõe a comparência no curso, funcionam de forma independente.
no domingo, em setúbal, foi assim
Via Trás-os-Montes, pela mão e pelo olhar de António Alves, da Traga-Mundos (Vila Real), chegam-nos estas fotografias de alguns momentos do IV Encontro Livreiro, realizado domingo na Livraria Culsete, em Setúbal. Para saber tudo tudo no Isto não fica assim.
segunda-feira, 8 de abril de 2013
CURSO DE LITERATURAS AMERICANAS
3as feiras de Maio 2013 (4 sessões), 21h
Livraria Pó dos Livros, Lisboa
Literatura Sul Americana
Literatura Norte
Americana
45€
descontos para estudantes, desempregados e participantes na conferência de dia 16 de Abril (informação em breve): 35€
inscrições: podoslivros@gmail.com
Este curso apresenta uma visão transversal da literatura
norte-americana e sul-americana em dois momentos distintos. Apesar de se
localizarem no mesmo continente estas duas literaturas mostram realidades
completamente distintas e têm em comum o facto de retratarem a cultura e a
sociedade dos seus países, mostrando como as fronteiras tanto se esbatem em
zonas delimitadas como é a América do Sul e do Norte como depois são tão
marcadas quando saltamos do Norte para o Sul mostrando que muitas vezes a
questão dos continentes é meramente geográfica.
Com Rosa Azevedo: nasceu em 1982 em Lisboa. Terminou
em 2004 a
licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, maior em variante de estudos
portugueses, franceses e menor em Literaturas do Mundo, em 2008 o mestrado em
Edição de Texto. Tem realizado desde 2007 diversos cursos de literatura
portuguesa e hispano-americana, para além de outros trabalhos de produção
ligados à literatura, nomeadamente na área do surrealismo e dos novos autores
portugueses. Fundou e foi presidente da Associação Cultural Respigarte. Foi
livreira e hoje é produtora, formadora, revisora e dinamizadora e divulgadora
da área dos livros.
E João Silveira: biografia em breve, deste nosso estreante na Pó dos Livros mas não nestas andanças.
novo curso CONTEMPORANEIDADES NA LITERATURA PORTUGUESA . da sociedade aos livros
4as feiras de Maio 2013 (4 sessões), 21h
Livraria Pó dos Livros, Lisboa
45€
descontos para estudantes, desempregados e participantes na conferência de dia 16 de Abril (informação em breve): 35€
com rosa azevedo
Quem são os novos autores portugueses? O que os une e o que os separa?
Em que nome escrevem e em que nome surgem em público? Numa época de
novas tecnologias, novas formas de aparecer em público, crise económica,
intelectual e ideológica, o que é preciso para se ser um escritor?
O século XXI trouxe novos paradigmas à literatura. A passagem de século
é uma passagem temporal como outra qualquer mas a verdade é que foi
neste início de século até aos nossos dias que assistimos à explosão da
Internet com as redes socias, blogs e meios de divulgação. Com isto os
escritores saem do desconhecido para se tornarem figuras públicas
facilmente reconhecidas na rua e cuja vida privada acaba por ser
conhecida e confundida com a sua obra de forma mais perversa do que
antes porque o meio é, arrisco dizer, mais selvagem. Mas há excepções. E
há diferentes tipos de leitores e, no limite, são os leitores que fazem
uma grande parte do que um escritor é.
Depois podemos ainda
reflectir sobre a razão da escrita. O que faz um escritor? Que tipos de
escritores existem? O que nos confere autoridade para avaliar as
intenções de um escritor? De que forma as intenções de um escritor
alteram a forma como recebemos o texto e como o lemos?
Em Portugal
proliferam novos escritores. Sofrem em bloco da “angústia da influência”
procurando, acima de tudo, a originalidade. A que custo? Em que nome
escrevem eles?
o LEVA&etc no Edição Exclusiva
acedendo a um simpático pedido do Hugo Xavier e do blog Edição Exclusiva escrevi um texto sobre a minha visão relativamente ao papel dos audio-livros. deixo-o aqui.
Penso constantemente no conceito de leitura. Passamos o dia
a ler. A ler textos, a ler reacções, a ler o nosso próprio pensamento. Lemos
com os sentidos todos (as mãos lêem, os ouvidos lêem) e lemos com a cabeça, com
a intuição, com a interpretação. A leitura é sempre uma transformação de algo
que nos é oferecido. Nada nunca é lido da forma como é recebido. Ninguém lê o
que lhe é passado recebendo-o sem o transformar com o poder da interpretação.
Ainda assim, é comum que a leitura – se nos perguntarem o que é e não perdermos
tempo a reflectir numa resposta – seja apenas vista como a leitura de textos
com a visão, textos impressos ou digitais.
Foi o pensar tanto a leitura que me fez criar o LEVA – Ler
em Voz Alta, um projecto que grava, em suporte sonoro, livros em papel,
encomendados por clientes individuais. As razões para validar a encomenda podem
ser as mais variadas, mas a condição essencial é que o cliente final não possa
mesmo aceder ao livro impresso, por incapacidade. A ideia surgiu do culminar de
diversas histórias que me foram contando e que relatavam casos de familiares ou
amigos que, devido à idade ou problemas de saúde, iam deixando de conseguir
ler.
Em muitos outros países, nomeadamente em alguns países do
Norte da Europa, os audio-livros são objectos com uma produção muito cuidada
que acompanham o livro físico e o cliente pode optar por um dos dois. Assim,
qualquer pessoa pode ouvir um livro que escolheu enquanto faz exercício físico,
enquanto executa tarefas domésticas ou conduz. Nesses países, um audio-livro
pertence ao universo da leitura, o que não acontece aqui.
A diferença do nosso país para outros, prende-se sobretudo
com o facto de que aqui o mercado do audio-livro não complementa um livro
físico, cria sim um objecto de raiz. Ou seja, é um objecto autónomo
relativamente a um livro impresso relembrando, como tal, que estamos perante um
livro audio e não um livro lido em voz alta, apenas.
Para os invisuais a opção de ler um livro tem apenas dois
caminhos – o audio-livro e o braille.
O braille tem muito pouco circuito
comercial, limitando-se, embora não exclusivamente, a invisuais de nascença. O
audio-livro tem uma oferta escassa. As possibilidades são, portanto, muito
limitadas.
Com o LEVA pretende-se que qualquer pessoa que tenha uma limitação
na capacidade de ler o livro físico, veja essa mesma limitação diminuída tanto
quanto possível. Neste caso, pretendemos que a oferta seja igual à que temos
quando entramos numa livraria, sem que esse serviço tenha os custos de um
serviço de luxo, apenas ao alcance de uma minoria. Com o trabalho de
voluntários pretendemos que a leitura esteja acessível a custo zero.
O mercado do audio-livro, a meu ver, teria mais hipóteses de
vingar do que o e-book, apesar do
crescimento que temos assistido relativamente a este último, uma vez que o
audio-livro acrescenta possibilidades de leitura enquanto que o e-book apresenta poucas vantagens
relativamente ao livro físico. Não digo que um tenha necessariamente de se
substituir ao outro, digo apenas que a energia que as editoras gastam a
concentrar-se nos e-books poderia ser
gasta em audio-livros que teriam, garanto, muito mais sucesso e cumpririam
assim um objectivo socialmente mais rico e positivo, pois, para além de porem a
ler quem não tem tempo (e hoje em dia há tantos que o afirmam com tanta
displicência), aumentando as possibilidades da própria leitura, permitiam a
leitura a quem não pode aceder a um livro físico. E, neste contexto, não posso
deixar de referir o importantíssimo papel das grandes cadeias livreiras (uma
vez que as independentes fazem um trabalho muito mais cuidado nesta área) no
dar visibilidade ao tão pequeno mercado de audio-livros que temos por cá,
valorizando, assim, o trabalho destas editoras que resolveram arriscar num
mercado difícil porque não se relaciona apenas com a mudança de hábitos – é um
mercado que, para vingar, tem de revolucionar a forma como as pessoas vêem a
leitura. E aí voltamos ao início deste texto.
Rosa Azevedo
sábado, 6 de abril de 2013
sexta-feira, 5 de abril de 2013
quinta-feira à noite com Russell
"Como tantos outros que tiveram uma educação puritana, eu tinha o hábito de meditar nos meus pecados, nas minhas loucuras e nas minhas imperfeições. Julgava-me - sem dúvida com razão - um sujeito miserável. A pouco e pouco porém aprendi a ser indiferente em relação a mim próprio e às minhas deficiências; comecei a concentrar cada vez mais a minha atenção nos objectos exteriores: a situação do mundo, os vários ramos do saber, as pessoas pelas quais sentia afeição. É certo que os interesses exteriores comportam também muitas possibilidades de sofrimento: o mundo pode ser mergulhado na guerra; o saber, em certa direcção, pode ser difícil de adquirir; os amigos podem morrer. Mas os sofrimentos desta ordem não destroem a qualidade essencial da vida como o fazem os que resultam da aversão por si mesmo. Além disso, todo o interesse exterior incita a qualquer actividade, o que é óptimo preventivo contra a tristeza enquanto esse interesse permanece vivo. O interesse por si próprio, pelo contrário, conduz à inactividade de uma forma progressiva: a escrever um diário, a psicanalizar-se ou talvez a tornar-se monge."
Bertrand Russell
À Conquista da Felicidade
Guimarães Editores
Bertrand Russell
À Conquista da Felicidade
Guimarães Editores
quinta-feira, 4 de abril de 2013
é já este domingo!
transcrevo o apelo do nosso querido Livreiro Velho para o nosso Encontro Livreiro que é já este Domingo, em Setúbal.
Caríssimos,
Caríssimos,
É já no próximo domingo, dia 7 de Abril, a partir das 15:00 horas, que se
realiza, na Livraria Culsete, o 4.º ENCONTRO LIVREIRO, encontro anual das
gentes do livro, um espaço onde, ao sabor de um cálice de moscatel, todos
falam daquilo que mais lhes interessa ou preocupa no mundo do livro.
E gentes do livro somos todos nós, os leitores que não podem existir sem
livros. Podemos ser autores ou editores, jornalistas, livreiros ou
tradutores, bibliotecários, professores ou ilustradores, ou ainda
investigadores ou gráficos, ou vendedores, ou outra qualquer profissão
ligada ao livro, mas todos, todos somos leitores.
O ENCONTRO LIVREIRO é, pois, o ENCONTRO de todos nós. Por isso vamos ficar à
vossa espera, eu, a Fátima, o Luís, a Rosa, o Joaquim, o Nuno e todos os
outros que já confirmaram a sua presença.
Então até domingo.
Um abraço entre livros,
Manuel Medeiros, o Livreiro Velho
[CULSETE, Avenida 22 de Dezembro, 23 A/B, Setúbal, Telf.: 265526698, e-mail:
culsete@gmail.com]
segunda-feira, 1 de abril de 2013
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