segunda-feira, 30 de abril de 2012

então vamos lá Borisvianar

já tenho as ideias a tomar forma. sempre que penso um espectáculo, sempre que tivémos de o fazer sem rede, que o faço ao contrário. penso primeiro no cenário, nas roupas, na postura, no tom de palavras que ainda não existem. e é por aí que a minha cabeça anda. com Boris Vian no metro. com Boris Vian em casa. com Boris Vian em todo o lado. 




desde o último post que recebi algumas pistas e ajudas. agora já tenho umas ideias mais concretas do que quero para este espectáculo. a ideia central é o humor negro de Boris Vian. alguém que morre de ataque cardíaco aos 39 anos enquanto assiste a uma adaptação medíocre do seu bombástico livro "J'irai cracher sur vos tombes" não merece outra coisa. um verdadeiro artista até na morte. 
para isso já tenho alguns textos seleccionados, sobretudo poemas narrados e citações. o que eu vos queria pedir, oh gentes que escrevem tão melhor do que eu, era que pensassem nas personagens de Boris Vian e escrevessem sobre elas. ao tom borisvianesco se se atreverem. se não ao vosso tom, se se atreverem também.  Colin, Chloé, Jacquemort ou os três irmãos Noël, Joël e Citroën, ou ainda o terrível Lee Anderson. queria também que me enviassem alguns textos sobre livros dele. não no tom de crítica literária ou outra comichão dessas. em tom borisviânico ou vosso. como preferirem.

seja como for este é um espectáculo aberto a todos, quero mais gente a borisvianar. quero todos a borisvianar. 

aguardo contribuições para o e-mail rosa.b.azev@gmail.com e deixo-vos de presente esta beleza sem fim. é o maior, caramba.


Monsieur le Président,
je vous fais une lettre,
que vous lirez peut-être,
si vous avez le temps.

Je viens de recevoir
mes papiers militaires
pour partir à la guerre
avant mercredi soir.

Monsieur le Président
je ne veux pas le faire,
je ne suis pas sur terre
pour tuer de pauvres gens.

C'est pas pour vous fâcher,
il faut que je vous dise,
ma décision est prise,
je m'en vais déserter.

Depuis que je suis né,
j'ai vu mourir mon père,
j'ai vu partir mes frères,
et pleurer mes enfants.

Ma mère a tant souffert,
qu'elle est dedans sa tombe,
et se moque des bombes,
et se moque des vers.

Quand j'étais prisonnier
on m'a volé ma femme,
on m'a volé mon âme,
et tout mon cher passé.

Demain de bon matin,
je fermerai ma porte
au nez des années mortes
j'irai sur les chemins.

Je mendierai ma vie,
sur les routes de France,
de Bretagne en Provence,
et je crierai aux gens:

refusez d'obéir,
refusez de la faire,
n'allez pas à la guerre,
refusez de partir.

S'il faut donner son sang,
allez donner le vôtre,
vous êtes bon apôtre,
monsieur le Président.

Si vous me poursuivez
prévenez vos gendarmes
que je n'aurai pas d'armes
et qu'ils pourront tirer.

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