Não faças Terrorismo Poético para outros artistas, fá-lo para pessoas que não perceberão que o que acabaste de fazer é arte. Hakim Bey
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
mudar de vida V
ouvir música quando estou sozinha em casa, pensar, amar desmesuradamente, ler desmesuradamente, escrever e detestar, apagar, voltar a escrever, detestar mas deixar estar, pensar nas pessoas que me fazem falta, querer algumas a viver no meu sofá. imaginar sempre outra coisa. pensar em formas de mudar de vida, mais radicais, talvez. nunca parar de pensar em como se muda de vida, se é isso que se quer.
mudar de vida IV
pensar que quando começar a conferência sobre novos autores portugueses não vou falar deles mas dar pistas sobre como criar sobre eles uma leitura própria. escrever a conferência, pensar a conferência.
mudar de vida III
terminar de "montar" como prometido já a quatro pessoas (que neste contexto é muito) o meu livro e pô-lo noutras mãos.
"a fazer-me à vida. urge o amor e a poesia e não há mais tempo a perder."
"a fazer-me à vida. urge o amor e a poesia e não há mais tempo a perder."
mudar de vida II
esquecer o conforto dos dias passivos e dizer o que penso sobre este amor, mesmo que isso me faça ser uma pessoa que gosto menos, se correr mal.
"a fazer-me à vida. urge o amor e a poesia e não há mais tempo a perder."
"a fazer-me à vida. urge o amor e a poesia e não há mais tempo a perder."
mudar de vida I
começar a aproveitar os fins de tarde outra vez e ler nos cafés. Se não podemos ir a Buenos Aires, Buenos Aires vem até nós. aproveitar o que os livros foram em Buenos Aires, o que a solidão foi em Buenos Aires. mas agora em Lisboa.
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
hoje mudei o cabeçalho e deixo-vos o Hakim Bey
Capítulo de "Caos, os Panfletos do Anarquismo Ontológico" (parte um de "Z. A. T."),
de Hakim Bey
ESTRANHAS DANÇAS NOS SAGUÕES de Bancos 24 Horas. Espetáculos pirotécnicos não autorizados. Arte terrestre, trabalhos- telúricos como bizarros artefactos alienígenas espalhados em Parques Nacionais. Arromba casas mas, ao invés de roubar, deixa objectos Poético-Terroristas. Rapta alguém e fá-lo feliz. Escolhe alguém aleatoriamente e convence-o de que ele é herdeiro de uma enorme, fantástica e inútil fortuna: digamos 8000 quilómetros quadrados da Antártida, ou um velho elefante de circo, ou um orfanato em Bombaí, ou uma coleção de manuscritos alquímicos. Mais tarde, ele irá dar-se conta de que acreditou por alguns poucos momentos em algo extraordinário, & talvez, como resultado, seja levado a procurar uma forma mais intensa de viver.
Prega placas comemorativas em locais (públicos ou privados) onde experimentaste uma revelação ou tiveste uma experiência sexual particularmente especial, etc.
Anda nu por aí.
Organiza uma greve na tua escola ou local de trabalho, com a justificativa de que não estão a ser satisfeitas as tuas necessidades de indolência & beleza espiritual.
A Arte do grafitti emprestou alguma graça à metros horrendos & rígidos monumentos públicos. A arte Poético-Terrorista também pode ser criada em locais públicos: poemas rabiscados em casas de banho de tribunais, pequenos fetiches abandonados em parques e restaurantes, arte distribuída em pára-brisa de carros estacionados, Slogans em Letras Grandes em muros de playgrounds, cartas anónimas enviadas a destinatários aleatórios ou escolhidos (fraude postal), transmissões piratas de rádio, cimento fresco...
A reacção da audiência ou o choque estético produzido pelo Terrorismo Poético deve ser pelo menos tão forte quanto a emoção do terror: nojo poderoso, excitação sexual, admiração supersticiosa, inspiração intuitiva repentina, angústia dadaísta - não importa se o Terrorismo Poético é direcionado a uma ou a várias pessoas, não importa se é "assinado" ou anónimo; se ele não muda a vida de alguém (além da do artista), ele falhou.
O Terrorismo Poético é um acto no Teatro de Crueldade que não tem palco, nem bancos, bilheteira ou paredes. Para funcionar, o TP deve ser categoricamente divorciado de todas as estruturas convencionais de consumo de arte (galerias, publicações, media). Mesmo as tácticas guerrilheiras Situacionistas de teatro de rua já estão muito bem conhecidas e esperadas, actualmente.
Uma requintada sedução levada adiante não apenas pela satisfação mútua, mas também como um acto consciente de uma vida deliberademente mais bela: este pode ser o Terrorismo Poético definitivo. O Terrorista Poético comporta-se como um aproveitador barato cuja meta não é dinheiro, mas MUDANÇA.
Não faça TP para outros artistas, faça-o para pessoas que não perceberão (pelo menos por alguns momentos) que o que acabaste de fazer é arte. Evita categorias artísticas reconhecidas, evita a política, não fiques por perto para discutir, não sejas sentimental; sê impiedoso, corre riscos, vandaliza apenas o que precisa ser desfigurado, faz algo que as crianças se lembrem para o resto da vida - mas sê espontâneo apenas quando a Musa do TP te tenha possuído.
Fantasia-te. Deixa um nome falso. Sê lendário. O melhor TP é contra a lei. Arte como crime; crime como arte
de Hakim Bey
ESTRANHAS DANÇAS NOS SAGUÕES de Bancos 24 Horas. Espetáculos pirotécnicos não autorizados. Arte terrestre, trabalhos- telúricos como bizarros artefactos alienígenas espalhados em Parques Nacionais. Arromba casas mas, ao invés de roubar, deixa objectos Poético-Terroristas. Rapta alguém e fá-lo feliz. Escolhe alguém aleatoriamente e convence-o de que ele é herdeiro de uma enorme, fantástica e inútil fortuna: digamos 8000 quilómetros quadrados da Antártida, ou um velho elefante de circo, ou um orfanato em Bombaí, ou uma coleção de manuscritos alquímicos. Mais tarde, ele irá dar-se conta de que acreditou por alguns poucos momentos em algo extraordinário, & talvez, como resultado, seja levado a procurar uma forma mais intensa de viver.
Prega placas comemorativas em locais (públicos ou privados) onde experimentaste uma revelação ou tiveste uma experiência sexual particularmente especial, etc.
Anda nu por aí.
Organiza uma greve na tua escola ou local de trabalho, com a justificativa de que não estão a ser satisfeitas as tuas necessidades de indolência & beleza espiritual.
A Arte do grafitti emprestou alguma graça à metros horrendos & rígidos monumentos públicos. A arte Poético-Terrorista também pode ser criada em locais públicos: poemas rabiscados em casas de banho de tribunais, pequenos fetiches abandonados em parques e restaurantes, arte distribuída em pára-brisa de carros estacionados, Slogans em Letras Grandes em muros de playgrounds, cartas anónimas enviadas a destinatários aleatórios ou escolhidos (fraude postal), transmissões piratas de rádio, cimento fresco...
A reacção da audiência ou o choque estético produzido pelo Terrorismo Poético deve ser pelo menos tão forte quanto a emoção do terror: nojo poderoso, excitação sexual, admiração supersticiosa, inspiração intuitiva repentina, angústia dadaísta - não importa se o Terrorismo Poético é direcionado a uma ou a várias pessoas, não importa se é "assinado" ou anónimo; se ele não muda a vida de alguém (além da do artista), ele falhou.
O Terrorismo Poético é um acto no Teatro de Crueldade que não tem palco, nem bancos, bilheteira ou paredes. Para funcionar, o TP deve ser categoricamente divorciado de todas as estruturas convencionais de consumo de arte (galerias, publicações, media). Mesmo as tácticas guerrilheiras Situacionistas de teatro de rua já estão muito bem conhecidas e esperadas, actualmente.
Uma requintada sedução levada adiante não apenas pela satisfação mútua, mas também como um acto consciente de uma vida deliberademente mais bela: este pode ser o Terrorismo Poético definitivo. O Terrorista Poético comporta-se como um aproveitador barato cuja meta não é dinheiro, mas MUDANÇA.
Não faça TP para outros artistas, faça-o para pessoas que não perceberão (pelo menos por alguns momentos) que o que acabaste de fazer é arte. Evita categorias artísticas reconhecidas, evita a política, não fiques por perto para discutir, não sejas sentimental; sê impiedoso, corre riscos, vandaliza apenas o que precisa ser desfigurado, faz algo que as crianças se lembrem para o resto da vida - mas sê espontâneo apenas quando a Musa do TP te tenha possuído.
Fantasia-te. Deixa um nome falso. Sê lendário. O melhor TP é contra a lei. Arte como crime; crime como arte
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
não, enganei-me, agora é que estou com uma apoplexia
"And don’t worry about losing. If it is right, it happens — The main thing is not to hurry. Nothing good gets away."
Steinbeck a falar ao filho adolescente sobre o amor. Tão sábio, caramba...
O texto todo aqui.
Steinbeck a falar ao filho adolescente sobre o amor. Tão sábio, caramba...
O texto todo aqui.
Este livro é demasiado bom para ser verdade
Passei hoje pela Fnac do Chiado. Justiça lhes seja feita (a livraria roça o que roça mas os meus amigos livreiros estão muito lá em cima), têm livraria de importação em bom e, mais importante de tudo, tem os melhores amigos que percebem mais de livros. Quando preciso mesmo de ajuda passo lá e falo com eles. Hoje queria saber mais do budismo e foi por isso que lá fui. E soube mais e até comprei um livro. A tempo deixarei aqui comentários sobre isso.
Mas de repente tropecei nisto:
Um catálogo da "curiosidade leitora" de Borges. Um volume gigante de mais de 500 páginas de reflexões sobre livros, ensaios, notas, crónicas, prólogos, aulas, conferências. Dos clássicos aos novos.
Ia tendo uma apoplexia. É demasiado bom. Já o tenho aqui. Para comentários posteriores!
Mas de repente tropecei nisto:
Um catálogo da "curiosidade leitora" de Borges. Um volume gigante de mais de 500 páginas de reflexões sobre livros, ensaios, notas, crónicas, prólogos, aulas, conferências. Dos clássicos aos novos.
Ia tendo uma apoplexia. É demasiado bom. Já o tenho aqui. Para comentários posteriores!
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
Os livros são grandes de mais para os meus metros quadrados
Ando há dias a pensar nos livros que leio. No que é ser leitor, mas leitor a sério. Não é devorador de livros ou leitor de praia. É ser leitor, é precisar de ter os livros ao pé. Eu quero saber a história dos livros. Ler não é só ler o que o livro diz, é ler também o próprio livro.
Hoje peguei num livro da Assírio e Alvim mas da Assírio antiga, a do Hermínio. Aquelas capas, o logotipo desenhado daquela forma, aquilo conta-me uma história. A história da primeira vez que o meu pai me mostrou as obras completas de António Maria Lisboa, com a capa cor-de-rosa, ou aquela vez em que me mostrou a Poesia Toda do Herberto, livro que roubei ao meu irmão, colei a capa, e tenho-o lá ao pé de mim e é precioso.
Quando achamos que somos grandes leitores temos sempre certezas. Do que é bom, do que é mau, das "intenções" de escrita de cada escritor. Depois começamos a julgar livros por ideias que temos. Não pela leitura real.
Há um vício que me ficou de livreira, que é ter sempre uma opinião sobre todos os livros, um ponto de vista. Muitas vezes, por mais ridículo que isto seja e é, o público precisa disso. Mas está errado, e devia ficar dentro da livraria. Não temos de ler tudo para imaginar que não vamos gostar, mas não podemos ter certezas sobre escritas antes de olharmos para elas, nem que seja de relance.
Quanto mais o tempo passa, quanto mais leio, menos acho que sei. E mais me fascino com os leitores e quero ser como eles. Mas não quero mais ter conversas com quem sabe antes de saber. Porque a leitura é um acto de amor e o amor não se pode disfarçar de sabedoria. Porque a esses a rasteira vem rápida e certeira. E o que é aparentemente inteligência pode passar a pedantismo o que é uma pena.
Cada vez tenho menos pessoas para falar de livros. Cada vez tenho mais livros. Cada vez leio mais e de forma mais dispersa. Os livros são grandes demais para os meus metros quadrados. Mas hão de caber todos cá dentro.
Hoje peguei num livro da Assírio e Alvim mas da Assírio antiga, a do Hermínio. Aquelas capas, o logotipo desenhado daquela forma, aquilo conta-me uma história. A história da primeira vez que o meu pai me mostrou as obras completas de António Maria Lisboa, com a capa cor-de-rosa, ou aquela vez em que me mostrou a Poesia Toda do Herberto, livro que roubei ao meu irmão, colei a capa, e tenho-o lá ao pé de mim e é precioso.
Quando achamos que somos grandes leitores temos sempre certezas. Do que é bom, do que é mau, das "intenções" de escrita de cada escritor. Depois começamos a julgar livros por ideias que temos. Não pela leitura real.
Há um vício que me ficou de livreira, que é ter sempre uma opinião sobre todos os livros, um ponto de vista. Muitas vezes, por mais ridículo que isto seja e é, o público precisa disso. Mas está errado, e devia ficar dentro da livraria. Não temos de ler tudo para imaginar que não vamos gostar, mas não podemos ter certezas sobre escritas antes de olharmos para elas, nem que seja de relance.
Quanto mais o tempo passa, quanto mais leio, menos acho que sei. E mais me fascino com os leitores e quero ser como eles. Mas não quero mais ter conversas com quem sabe antes de saber. Porque a leitura é um acto de amor e o amor não se pode disfarçar de sabedoria. Porque a esses a rasteira vem rápida e certeira. E o que é aparentemente inteligência pode passar a pedantismo o que é uma pena.
Cada vez tenho menos pessoas para falar de livros. Cada vez tenho mais livros. Cada vez leio mais e de forma mais dispersa. Os livros são grandes demais para os meus metros quadrados. Mas hão de caber todos cá dentro.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Jesus o Bom e Cristo o Patife
Este é um livro que nos apresenta a história do Novo Testamento reescrita. Desdobra Jesus Cristo em dois irmãos gémeos, Jesus e Cristo. Jesus que apregoa a chegada de um novo reino e o irmão, Cristo, que o segue retirando informações sobre não apenas o que diz mas também os milagres que, aparentemente, realiza.
O livro vale pela fábula que é, pela história que reescreve, tão mais plausível e possível que a outra. Jesus não é nunca posto em causa, o que é posto em causa é o aproveitamento que a Igreja faz dessa história. Na verdade este livro mostra como aquilo que Jesus pregava não é aquilo em que se transformou a Igreja, é muitas vezes o seu contrário. E tem um momento alto, obrigatório mesmo para quem não quer ler o livro todo, que é, quase no final, quando Jesus reza a Deus e diz que o silêncio e a postura deste nunca vão levar os homens a caminho do Reino. Explica como gostaria que a Igreja enquanto instituição fosse e diz o que pode falhar. E tudo o que pode falhar é o que sabemos hoje que falhou.
Um livro divertido e importante. Acutilante. No sítio certo.
O livro vale pela fábula que é, pela história que reescreve, tão mais plausível e possível que a outra. Jesus não é nunca posto em causa, o que é posto em causa é o aproveitamento que a Igreja faz dessa história. Na verdade este livro mostra como aquilo que Jesus pregava não é aquilo em que se transformou a Igreja, é muitas vezes o seu contrário. E tem um momento alto, obrigatório mesmo para quem não quer ler o livro todo, que é, quase no final, quando Jesus reza a Deus e diz que o silêncio e a postura deste nunca vão levar os homens a caminho do Reino. Explica como gostaria que a Igreja enquanto instituição fosse e diz o que pode falhar. E tudo o que pode falhar é o que sabemos hoje que falhou.
Um livro divertido e importante. Acutilante. No sítio certo.
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
o encontro Livreiro está de volta
... e promete superar o ano passado. Mais gente boa, livros bons, conversas boas, moscatel dos bons, tudo em bom.
Em Setúbal, na Culsete, com o nosso livreiro Velho, dia 25 de Março, a partir das 15h30.
Porque isto não fica assim!
Em Setúbal, na Culsete, com o nosso livreiro Velho, dia 25 de Março, a partir das 15h30.
Porque isto não fica assim!
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