A Metáfora do Coração e outros escritos
de Maria Zambrano
Edição/reimpressão: 1993
Páginas: 160
Editor: Assírio & Alvim
Li esta bonita filósofa espanhola que viveu em muitos países europeus e da América Latina com uma emoção que não vos sei reproduzir. Sem lírismos excessivos, sem palavras a mais, sem ideias encriptadas escreve poesia filosófica e diz mais do que o essencial, diz verdades que se atropelam. Sobre vários temas, mas este é sobre a escrita, sobretudo. Prometo que nas próximas segundas-feiras serei mais escorreita a falar dos livros. Este é isto. Este e os outros. Agora ando a ler o Homem e o Divino, título que poderia ser, segundo a própria autora, o título de tudo o que escreveu. É disso que ela fala, da relação do que somos com esse divino que não é religioso mas com o qual convivemos tantas vezes com tanta dificuldade. Mais do que isto só o que diz Cioran, era mesmo isso que queria dizer, ele disse primeiro:
"Quem como ela, adiantando-se à nossa inquietação e à nossa busca, tem o
dom de deixar cair a palavra imprevisível e decisiva, a resposta de
subtis repercussões? Por isso desejaríamos consultá-la ao chegarmos a
uma encruzilhada da vida, ao limiar de uma conversão, de uma ruptura, de
uma traição, numa hora de íntimas confidências, grávidas e
comprometedoras, para que ela nos revele e explique a nós próprios, para
que nos conceda uma espécie de absolvição especulativa e nos reconcilie
tanto com as nossas impurezas como com as nossas indecisões e
perplexidade."
E. M. Cioran
E. M. Cioran
"[o escritor] Quer dizer o segredo; o que não pode dizer-se com a voz
por ser demasiado verdade; as grandes verdades não costumam dizer-se a
falar. A verdade do que se passa no secreto seio do tempo é o silêncio
das vidas, e que não pode dizer-se. «Há coisas que não podem dizer-se», e
é verdade. Mas isto que não pode dizer-se é o que tem de escrever-se."
in A Metáfora do Coração e outros escritos
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