escrevo este texto mais para mim do que para qualquer outra pessoa, mas enfim, levam comigo, também não dói.
(neste momento já perdi pelo menos 4 dos 5 leitores deste texto.)
ando
numa fase de alinhamento profissional. com um trabalho que não me enche
as medidas invento muitos trabalhos para manter a cabeça a funcionar.
luto com o cansaço, a falta de tempo, a vontade de ficar a olhar para a
parede. leio livros, blogs, sites, penso em permanência em novas ideias.
depois fico mentalmente exausta e lido com isso como posso, com dias
mais angustiantes do que outros.
ultimamente tenho tido
dificuldade em lidar com o meu lado mais emocional. sinto que a emoção
vai tomando conta do que escrevo (e agora vou centrar isto nos blogs) e
quando um texto tem um lado racional e um lado emocional, normalmente é o
lado emocional que é mais forte e que se vê. e esse é falado e
comentado, mas mais nenhum lado. e assim fico sem perceber o valor, o
propósito, a conveniência do que escrevo. vivo tudo isto com uma imensa
solidão, poucos amigos lêem o que escrevo, e os que lêem pouco falam.
nestes momentos de crise e de questionamento do que realmente vale o que
faço, preciso de uma visão externa.
como dizia há pouco uma
amiga, os momentos de crise servem para colocarmos em perspectiva o que
fazemos e o que queremos e como queremos fazê-lo. quem me conhece sabe
que esses momentos de questionamento são muito mais e mais intensos do
que os momentos de tranquilidade. e em perspectiva neste momento só
consigo ver que a normalidade não me diz nada. leio dezenas de entradas
de blogs de livros por dia e questiono-me sempre: porquê dizer que
determinado autor ganhou determinado prémio sem comentar esse prémio?
porque raio perder tempo com uma crítica literária a um livro se me
limito a contar a história? tenho sempre opiniões, e muitas, sobre tudo.
a minha questão é se não pareço uma miúda da escola a falar de livros.
outra
questão é se não digo determinadas coisas apenas para provocar
determinadas reacções deixando assim de ser absolutamente livre no que
escrevo. esta frase relida é idiota eu sei, porque isso é o normal
quando se escreve, mas também não vou explicar melhor.
na verdade
o que eu devia ser sempre era mais independente. mais do que me tenho
pautado sempre por ser. preocupar-me menos que determinadas pessoas se
sintam ou não identificadas com o que escrevo. e se esconder a emoção
passo a ser um balão em final de festa.
portanto é isso, vou
continuar a escrever sobre o que me apetece, e criticar quem me apetece,
e a escrever textos que parecem ter sido tirados do armário da sininho
quando amo um livro. e quando esta crise passar vou voltar à minha
postura. deixem-me só navegar mais uns dias em insegurança e queixumes.
vou tentar fazê-lo em silêncio.
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